As eleições deste domingo (23) na Espanha podem marcar um importante passo para a chegada da ultradireita ao poder, com o conservador Partido Popular (PP) liderando nas pesquisas e a necessidade de contar com o partido de ultradireita Vox para formar maioria no Parlamento. O país que há anos era governado pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) enfrenta a possibilidade de uma guinada conservadora, à medida que a onda conservadora varre a Europa. O PP lidera as pesquisas com 34% dos votos, seguido pelo PSOE com 28%, enquanto o Vox e a coligação de esquerda Sumar estão empatados com 13%.
Desde 2019, o PSOE governa o país em uma coligação de partidos de esquerda, incluindo o Unidos Podemos. A atual coalizão implementou leis progressistas, como a “Solo Sí Es Sí” (só sim é sim), que reforça a punição para agressões. Em contraste, o partido de ultradireita Vox tem sido criticado por negar a violência causada pelo machismo.
O líder do PP, Alberto Feijóo, lidera as pesquisas para o cargo de primeiro-ministro, mas sua maioria depende do Vox para governar em quatro comunidades autônomas e diversos municípios, nos quais venceram as eleições regionais em maio.
Embora Feijóo critique o Vox publicamente, é possível que ele se una ao partido para obter a maioria no Parlamento, o que abriria caminho para um governo de direita ou ultradireita na Espanha.
As pesquisas indicam que o PP e o Vox têm 55% de chances de obterem, juntos, os 176 deputados necessários para a maioria. Por outro lado, há 15% de chances de que o PSOE, o Sumar e os partidos separatistas catalão e basco alcancem a maioria.
As eleições deste domingo marcam a primeira vez que a Espanha realiza um pleito durante o verão, uma estratégia do atual governo para tentar conter o crescimento da direita, mas o cenário permanece incerto, e uma guinada à direita ainda é uma possibilidade real. A população espanhola participou intensamente das eleições, inclusive com um recorde no voto por correio, o que demonstra o interesse e a relevância desse momento político para o país.
paulo werneck
24/07/2023 - 08h42
Tenho observado que partidos de extrema direita tem se posicionado contra a subserviência à OTAN. Seria esse o motivo?