Neste sábado (22) em Tel Aviv e próximo ao Parlamento, em Jerusalém, milhares de israelenses se manifestaram contra a reforma judicial que terá votação importante nos próximos dias.
O projeto foi promovido pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e divide de maneira profunda Israel. O país vive um dos períodos mais longos de protestos da história e completou sua 29° semana consecutiva de manifestações.
O Parlamento iniciará um debate sobre uma medida de reforma que pretende eliminar a possibilidade de o Judiciário deliberar sobre a “razoabilidade” das decisões do governo, a partir do meio-dia de domingo (23). A cláusula ainda será votada em segunda e terceira leituras e, caso seja aprovada, será a primeira parte da reforma judicial a se tornar lei.
Milhares de manifestantes se aglomeraram em frente ao Parlamento e à Suprema Corte, em Jerusalém, na intenção de pressionar os governantes.
“O governo não nos escuta e isso significa que estamos entrando em uma nova era, uma era ruim”, disse um trabalhador do setor de tecnologia à agência de notícias France Presse Idit Dekel.
O governo atual de Israel se caracteriza como o mais conservador da história do país e a reforma defendida por ele tem o objetivo de aumentar o poder do Parlamento sobre o da Suprema Corte. Para os opositores, a medida poderia estabelecer um precedente com inclinações autoritárias, o que pode levar ao extremismo político e religioso.
Em conjunto aos manifestantes, reservistas das Forças Armadas israelenses ameaçam parar o serviço voluntário caso a medida seja aprovada.
Uma declaração assinada por 1.142 reservistas, incluindo 235 pilotos de caça, 173 operadores de drones e 85 soldados de unidades de comando, expressou que qualquer legislação considerada “irrazoável” comprometeria sua disposição de continuar arriscando suas vidas e os forçaria, com grande pesar, a suspender seus deveres de reserva voluntária.
O presidente americano, Joe Biden, pediu que Netanyahu busque estabelecer um consenso e não se apresse com a reforma judicial. Na quinta-feira (20), o primeiro-ministro afirmou que está aberto para conversar com seus opositores.
Netanyahu é acusado pela oposição de utilizar a reforma para se beneficiar diante das acusações de corrupção contra ele.