Ao contrário do que diz matéria do Metrópoles, a deputada Dani Balbi (PCdoB) explica a importância da UNE.
Por Dani Balbi
No último fim de semana, cerca de 10 mil estudantes vindos de todas as regiões do Brasil se encontraram em Brasília para discutir o futuro do país. Era o 59° Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que elegeu como sua nova presidenta a jovem estudante pernambucana Manuella Mirella.
A importância da UNE está registrada nos livros de história e nos diversos direitos políticos que hoje temos. Mas parece que nem todos sabem disso. Nesta semana, por exemplo, tive o desprazer de ler um artigo no Metrópoles intitulado “A importância da UNE é zero”. Resolvi então contribuir para desfazer esse desconhecimento do autor, para dizer o mínimo.
Talvez o articulista não saiba, mas na década de 1950 a UNE foi a grande impulsionadora da campanha “O Petróleo é nosso”, fundamental para o posterior desenvolvimento soberano do país.
Na década de 1960, a UNE de Aldo Arantes criou o Centro Popular de Cultura, uma das principais iniciativas artísticas do país. O CPC reunia intelectuais como Luiz Werneck Vianna e Carlos Estevam Martins, e artistas como Arnaldo Jabor, Cacá Diegues e tantos outros.
Na década de 1970, a UNE lutou contra a ditadura militar. Muitos estudantes da entidade foram presos e torturados. Inclusive, a UNE sofreu na carne com o assassinato de seu então presidente em 1973, Honestino Guimarães.
Na década de 1980, de forma pioneira, a UNE foi uma das primeiras organizações da sociedade civil brasileira a ser presidida por uma mulher, a socióloga baiana Clara Araújo. Professora da UERJ, Clara, hoje, é uma das principais especialistas em estudos de gênero no mundo.
Na década de 1990, liderada por Lindbergh Farias, a UNE protagonizou o impeachment do primeiro presidente neoliberal do país, Fernando Collor de Melo. Foram mobilizações de rua com milhares de pessoas que mostraram a vitalidade dos movimentos sociais brasileiros.
Mais recentemente, em 2013, a UNE foi a principal responsável por cobrar da presidenta Dilma Rousseff que 50% do Fundo Social do Pré-Sal fosse destinado para educação.
Hoje, uma ex-dirigente da UNE, Luciana Santos, é a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação do país. A ministra possui reconhecimento e credibilidade na comunidade científica, como ficou demonstrado na nota pública divulgada ontem pela SBPC e pela ABC.
A UNE não só é fundamental para a história democrática do país, como tem sido uma das maiores escolas de cidadania que já tivemos. A UNE é gigante!
Dani Balbi, deputada estadual no Rio de Janeiro pelo PCdoB, foi ativista do movimento estudantil.