A Eve, juntamente com a Embraer, divulgou nesta quinta-feira (20) que estabelecerá a primeira fábrica de veículos aéreos elétricos de decolagem e pouso vertical, conhecidos como eVtols, no Brasil. A planta industrial ficará localizada em Taubaté (SP) e será responsável pela fabricação dos primeiros modelos do inovador veículo capaz de transportar passageiros. A implantação da fábrica ocorrerá em uma área ampliada dentro da unidade da Embraer no município paulista, sujeita à aprovação final das autoridades.
A escolha de Taubaté como local estratégico deve-se à sua localização privilegiada para fins logísticos, a apenas 120 km da capital, com fácil acesso pelas rodovias, incluindo a Presidente Dutra (BR-116). Além disso, a proximidade com a sede da Embraer em São José dos Campos (região do Vale do Paraíba) e as equipes de engenharia e recursos humanos da Eve tornam o local ainda mais vantajoso.
Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer, enfatizou o compromisso com a Eve como uma das principais empresas do promissor mercado global de Mobilidade Aérea Urbana, destacando o enorme potencial dessa indústria.
Os eVtols ainda estão em fase de projeto, e os primeiros protótipos estão previstos para serem montados no segundo semestre de 2023. Caso tudo ocorra conforme o planejado, o primeiro voo experimental está previsto para ocorrer em 2024, embora a data exata do primeiro teste real não tenha sido confirmada pela empresa.
A expectativa é que os eVtols sejam entregues aos compradores dentro de três anos. Surpreendentemente, mesmo em fase de desenvolvimento, quase 3.000 encomendas já foram feitas. Com base no cronograma atual, os primeiros veículos devem ser entregues em 2026.
A Eve está competindo acirradamente com outras gigantes do setor aéreo, como Airbus e Boeing, bem como com empresas emergentes, como a chinesa EHang e a alemã Volocopter, na corrida para lançar os primeiros eVtols. A Eve, fundada pela Embraer e atualmente operando como uma unidade independente com capital aberto na Bolsa de Nova York desde 2022, tem uma posição de destaque nessa concorrência.
Com relação ao custo dos voos iniciais, a Eve almeja oferecer preços atrativos, variando de US$ 50 a US$ 100 (cerca de R$ 250 a R$ 500) por passageiro para trajetos de 10 a 15 minutos. Esses valores tornariam viagens como de Campinas a São Paulo viáveis em um curto espaço de tempo.
Para que os veículos voadores sejam competitivos com o transporte urbano em carros autônomos, será necessário aguardar ainda algumas décadas, uma vez que a tecnologia exige não apenas o desenvolvimento dos veículos, mas também a adaptação das cidades para a sua integração.
A chegada dos eVtols deve impulsionar um novo ecossistema, potencialmente integrado ao modelo de Mobilidade como Serviço (MaaS). Isso permitirá que diferentes opções de transporte possam ser solicitadas e pagas através de um único aplicativo. Por exemplo, um usuário poderia verificar na mesma tela o tempo de viagem para o aeroporto usando transporte público, carro ou eVtol. Além disso, as rotas poderiam combinar diferentes modais, como um carro com motorista até o ponto de decolagem e, em seguida, voar de eVtol até o destino final, tudo pago com um único cartão de crédito.
Recentemente, durante a Paris Air Show em junho, a Eve anunciou parcerias com três fornecedores importantes: Nidec para o sistema de propulsão, BAE Systems para o sistema de baterias e DUC para os rotores do eVtol. Além disso, acordos com empresas como United Airlines nos EUA, Blade e Widerøe Zero na Europa e a irlandesa NAC resultaram em um total de 2.850 encomendas, projetadas para gerar cerca de US$ 8,6 bilhões (R$ 41,2 bilhões). Essas conquistas posicionam a Eve com aproximadamente 22% do mercado de eVtols, de acordo com as projeções do banco JP Morgan.
O JP Morgan estima que o mercado de eVtols tem um potencial de US$ 1 trilhão (R$ 4,79 trilhões), podendo chegar a US$ 3 trilhões (R$ 14,3 trilhões) até 2040, caso conquiste espaço em segmentos como transporte de carga e uso militar. Esse crescimento significativo abre portas para o avanço dessa tecnologia no futuro.