Isaac Herzog, chefe do executivo de Israel, discursou nesta quarta-feira (19) no congresso dos Estados Unidos. Durante seu discurso, ele chamou os EUA de “maior parceiro” de Israel e abordou de forma indireta os protestos que acontecem em seu país.
Herzog é apenas o segundo presidente israelense, depois de seu pai, Chaim Herzog, a discursar no Congresso dos EUA. Sua viagem ocorre em meio à crescente preocupação do presidente com um plano de reforma judicial proposto pelo líder da coalizão governista de Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
“O debate do momento de Israel é doloroso e profundamente enervante”, disse ele, acrescentando que tinha grande “confiança na democracia israelense” e que ela é “forte e resiliente”.
Reforma no judiciário israelense
Durante uma reunião realizada na Casa Branca nesta terça (18), o presidente dos EUA, Joe Biden, garantiu a Herzog, cujo papel na política israelense é meramente cerimonial, que os laços entre o país e os Estados Unidos permanecem fortes.
Na segunda-feira, também em uma demonstração de preocupação com o momento israelense, Biden convidou Netanyahu para visitar os EUA ainda este ano. No entanto, mesmo que o presidente dos Estados Unidos deseje conversar, ele também expressou críticas às propostas da reforma judicial propostas pelo primeiro-ministro israelense.
Um artigo publicado na quarta-feira no New York Times pelo colunista Thomas Friedman, que conversou com Biden no Salão Oval, disse que o presidente dos EUA aconselharia Netanyahu a não apressar as reformas às custas da democracia de Israel.
“Esta é obviamente uma área sobre a qual os israelenses têm opiniões fortes, inclusive em um movimento de protesto duradouro que está demonstrando a vitalidade da democracia de Israel, que deve permanecer o cerne de nosso relacionamento bilateral”, disse Biden, segundo o jornal.
“Encontrar consenso em áreas controversas da política significa levar o tempo necessário. Para mudanças significativas isso é essencial. Portanto, minha recomendação aos líderes israelenses é não se apressar”, disse Biden a Friedman.
Desde março deste ano Netanyahu vem colocando em pauta uma série de mudanças no judiciário de Israel. Nesta terça (18), as ruas de Tel Aviv, Jerusalém, Haifa, Petah Tikva e Rehovot fervilharam em protestos por conta do andamento das mudanças, que vem sendo votada no legisltativo.
Na semana passada, uma das partes do projeto de mudanças no judiciário que diz respeito à eliminação do “padrão de razoabilidade” foi aprovado em primeira votação no congresso israelense. Essa primeira parte do pacote de alterações na estrutura do poder segue em votação e deve ter prosseguimento na próxima semana.
O “padrão de razoabilidade” se refere a capacidade da suprema corte de anular decisões tomadas pelo governo que não sejam consideradas “razoáveis”. A corte, por exemplo, utilizou esse critério para anular a nomeação do ministro, Aryeh Deri, feita por Netanyahu. Deri foi condenado por fraude fiscal e afastado de seu cargo.
- Confira as outras partes do pacote de mudanças do judiciário israelense
As mudanças são temidas pelo povo de israel, pois Netanyahu já controla quase que totalmente o país, sendo a figura dominante do legislativo e executivo. O judiciário é o único poder em Israel com condições de contrabalancear as decisões do primeiro-ministro.
Organizadores dos protestos no país disseram, segundo O Globo: “Vivemos dias trágicos (…) diante de um governo (…) que tem pressa em destruir a democracia. Só nós, os cidadãos, podemos parar o trem da ditadura”.
Matéria realizada com informações dos portais DW e O Globo