Ricardo Martinelli, ex-presidente do Panamá, foi condenado a pouco mais de 10 anos e 6 meses de prisão, nesta terça-feira (18), por envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro.
Ele governou o país entre 2009 e 2014 e pretendia se candidatar novamente à presidência, tendo concluído todos os trâmites relativos à sua inscrição. Ele venceu, inclusive, as primárias de seu partido. Sua condenação irá impactar as eleições gerais do ano que vem no Panamá, uma vez que Martinelli era um dos favoritos na disputa. O político, além da condenação, recebeu uma multa de US$ 19 milhões
Segundo promotores do Ministério Público panamenho, o ex-presidente efetuou a compra de uma empresa de mídia com dinheiro público desviado, legalizado através de uma série de empresas de fachada.
Martinelli caracterizou o julgamento como uma forma de perseguição política, e seu advogado disse que vai apelar da sentença. “Quando a política entra pela porta, a justiça sai pela janela”, disse o ex-presidente panamenho em um post no Twitter, no dia 13 de julho, denunciando o caso.
O caso é conhecido no Panamá como “Novo Negócio”, nome da suposta empresa de fachada. Martinelli teria arrecadado aproximadamente US$ 43 milhões através de empresas que receberam contratos lucrativos do governo, e esses fundos foram usados para comprar um conglomerado de mídia com o controle de vários jornais panamenhos, segundo os promotores. As empresas beneficiadas pagavam até 10% de comissão sobre os contratos originais, referentes a obras de infraestrutura do governo.
No mês passado, o ex-presidente se tornou o primeiro candidato oficial a concorrer às eleições de 2024 no Panamá após ser escolhido para representar o Realizando Metas, partido que fundou há dois anos.
Além da condenação no Panamá, Martinelli também já foi extraditado dos EUA em 2018, quando foi acusado de usar fundos públicos para espionar jornalistas e rivais políticos. Depois de dois anos preso preventivamente, um tribunal panamenho o inocentou em 2021 após declarar que as provas eram insuficientes.
O ex-presidente panamenho, que também é empresário e antes de ser eleito possuía uma rede de supermercados, chegou ao poder com um discurso contra a corrupção. Ele se colocava como diferente dos “políticos tradicionais”, no entanto, ao fim de seu governo muitos de seus ministros estavam envolvidos em escândalos de corrupção.
Matéria com informações dos portais Aljazeera e Estado de Minas