Uma pesquisa recente do do Ipec que mostrou que a confiança dos eleitores brasileiros nos partidos políticos e no Congresso atingiu o maior patamar em 15 anos em 2023. O Índice de Confiança Social (ICS) é uma série anual de pesquisas presenciais feitas desde 2009 pelo Ibope e mantida com a mesma metodologia pelo Ipec. O índice atribui notas de zero a cem para 20 instituições, sendo que zero indica nenhuma confiança e cem, muita. Partidos políticos chegaram a 34 pontos nessa escala e estão na última posição, mas com um aumento de quatro pontos em relação a 2022. Já o Congresso marcou 40, alta de seis pontos em um ano.
E o que isso significa? Que a era da hedionda “nova política” finalmente acabou e que essa pesquisa Ipec só confirma diversos sinais que a sociedade já dava ao longo dos últimos anos, a começar com a pandemia, quando milhões de brasileiros aprenderam a importância do Estado na organização de políticas públicas, como fomentador de programas sociais e como agente de transformação social. Isso fez com que as eleições municipais privilegiassem políticos mais experientes, que foram eleitos ou reeleitos.
Ainda durante as eleições de 2022, diversas pesquisas também colocavam a estridência do ex-presidente Jair Bolsonaro como um incômodo e, principalmente, o seu discurso anti-institucional, algo característico da “nova política” e seus “outsiders”.
É interessante também notar que os jovens com idades entre 16 e 24 anos são os que melhor avaliam os partidos, o que também é um aviso para as legendas para que renovem as suas lideranças e trabalhem mais com esses grupos, caso não queiram reviver o descalabro que vivemos nos últimos 10 anos.
É possível verificar essa mudança de postura até mesmo no noticiário. Se hoje analistas e jornalistas de política afirmam abertamente que os partidos do centrão são necessários para a governabilidade, há alguns anos atrás isso seria visto como um crime e Lula seria açoitado em praça pública. Parece que 10 anos de antipolítica fizeram as pessoas aprenderem algo.
Até mesmo o último refúgio da antipolítica está esmorecendo, com a retomada econômica prejudicada pelas absurdas taxas de juros praticadas por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. A discussão sobre independência do banco parou de demonizar a política. Política monetária e a política institucional e social são coisas que andam juntas, não separadas.
Cabe agora aos políticos e instituições zelarem pela manutenção do sistema político, atuarem para que a enorme quantidade de partidos existentes seja cada vez mais reduzida e para que incluam a sociedade civil cada vez mais nos processos decisórios. Por fim, ainda mais transparência e governança devem fazer cada vez mais parte dos discursos e do cotidiano do Estado brasileiro.
O futuro do Brasil no médio prazo parece ser positivo. Resta saber se saberemos manter isso.
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