O cenário político brasileiro que foi marcado por uma forte disputa entre o bolsonarismo e o a civilidade, começou a dar espaço para institucionalidade e civilidade novamente. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem enfrentado um enfraquecimento do seu poder político por conta da sua inelegibilidade, a derrota que contratou para si na reforma tributária e com a possibilidade de ver mais um partido em que está filiado se esfacelar por sua incapacidade política. Isso sem falar das denúncias de corrupção e suas tentativas de interferir nas instituições democráticas.
Enquanto isso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se beneficiado da sua imagem de líder popular e de gestor competente, além de também proporcionar a volta da normalidade política e da estabilidade, fatores que desenham um cenário de bonança econômica no horizonte.
E a pesquisa mais recente do Ipec confirma essas dificuldades, a pesquisa mostrou que a confiança dos eleitores brasileiros nos partidos políticos e no Congresso atingiu o maior patamar em 15 anos em 2023. Partidos políticos chegaram a 34 pontos nessa escala e estão na última posição, mas com um aumento de quatro pontos em relação a 2022. Já o Congresso marcou 40, alta de seis pontos em um ano.
O que isso significa, que o sentimento de negação da política, ou antipolítica, está arrefecendo na sociedade brasileira. E era justamente este sentimento que dava algum combustível para Jair Bolsonaro e que possibilitou a sua eleição em 2018.
Isso dificulta a missão que Bolsonaro tem de fazer um sucessor e de cara já elimina alguns nomes como o do governador Romeu Zema, do partido Novo e que ainda tenta se vender como alguém alheio à política.
Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, tem muito desse apelo e constantemente é colocada como uma das prováveis candidatas à sucessão, com essa pesquisa, se este cenário se manter, também poderá ter que pleitear outros cargos na política e desistir das ambições envolvendo o executivo federal que antes mesmo desta pesquisa, já não passavam de um mero delírio ou desejo.
O sucessor de Jair Bolsonaro precisará ser um “bolsonarista sem Bolsonaro”, precisará angariar o apoio dos eleitores do ex-presidente sem demonstrar uma vinculação direta com o extremista que governava o país até o ano passado.
Mas vale lembrar que 2026 ainda está muito distante e com o caminhar das investigações e apuração envolvendo o ex-presidente, pode ser que o melhor caminho seja se afastar de fato de Bolsonaro.
Ainda há muita peças a serem definidas no tabuleiro, qualquer provável nome para para 2026 não passa de especulação.
Paulo
19/07/2023 - 23h45
Bolsonaro foi um bem e um mal, ao mesmo tempo. Um bem porque fez emergir das cinzas uma direita conservadora, dando voz à maioria dos brasileiros; um mal porque não era exatamente a direita orgânica e sadia de que precisamos…