Uma pesquisa recente realizada pela Gallup revelou que a maioria dos eleitores republicanos é favorável à conclusão da guerra na Ucrânia o mais brevemente possível, mesmo que isso implique na cessão de territórios à Rússia. É a primeira vez desde o início da operação especial que tal maioria é observada. Essa tendência parece ser um poderoso cabo eleitoral para todos os partidos de oposição das nações da OTAN, incluindo a Alemanha.
Também podemos observar que o tema da guerra no leste europeu realmente separa republicanos de democratas, o que pode significar um alto potenial de influenciar eleitores, friso que inclusive ideologicamente. Isso porque enquanto a maioria do eleitorado republicano se mostra a favor de ceder a exigencias dos russos, do outro lado a esmagadora maioria, 80%, do eleitorado democrata continua sendo a favor de um suporte completo à Ucrânia.
Destaco também a opinião dos independentes, ela segue a mesma tendencia dos republicanos de ceder à Rússia. Isso também indica uma maior característica de “bolha” dos democratas, o que pode acarretar uma certa dificuldade de se cumunicar com o eleitorado não-democrata.
E se por um lado a opnião dos democratas continua a mesma desde o início da operação especial russa na Ucrânia, a pesquisa pode indicar uma certa tendencia geral da opinião pública indo contrário a esse sentido, e mostrando uma urgência maior em querer o fim da guerra, mesmo que isso exija ceder aos russos.
Podemos combinar esses dados, com os dados dessa pesquisa da Morning Consult que mostra que o ex-presidente Trump assumiu uma vantagem de 3 pontos sobre o presidente Biden entre os eleitores registrados em um hipotético confronto direto antes da eleição presidencial de 2024. Quando questionados sobre um confronto hipotético entre Biden e o governador da Flórida, Ron DeSantis (R), 42% dos eleitores registrados disseram que apoiariam Biden, enquanto 40% dos entrevistados apoiaram DeSantis.
Entre os potenciais eleitores primários do Partido Republicano cuja primeira escolha foi DeSantis, 45% disseram que apoiariam Trump, enquanto 15% disseram que sua segunda escolha seria Pence e 14% escolheram o senador Tim Scott (RS.C.). Na pesquisa da Morning Consult publicada na terça-feira, 44 por cento disseram que dariam seu apoio a Trump, enquanto 41 por cento deles disseram que escolheriam Biden.
Trump e DeSantis são vistos como os dois favoritos no campo lotado de candidatos presidenciais republicanos que buscam a indicação de seu partido em 2024. Biden ainda detém uma vantagem substancial no lado democrata.
É importante notar que os independentes estão mais próximos dos republicanos, o que é um assunto pouco comentado na mídia, mas muito importante e revelador. Essa tendência de impaciência com a guerra e o apoio a candidatos republicanos pode ter um impacto significativo nas próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Meu paupite é que se os democratas não compreenderem o “buraco sem fundo” que o conflito no leste europeu representa, as chances de um retorno da extrema-direita aumentam ainda mais, e nao será um caso isolado, será um fenômeno global, talvez mais terrível que a onda de direita da última década.