‘Celac passa a ter existência política real’, diz pesquisador sobre Cúpula que começa amanhã

Claudio Kbene/PR

Presidente chegou neste domingo (16) a Bruxelas para participar de reunião do órgão com a União Europeia

Publicado em 16/07/2023 – 11:49

Por Lucas Weber – Repórter Brasil de Fato – São Paulo (SP)

Brasil de Fato — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou neste domingo (16) em Bruxelas, capital da Bélgica, para participar da III Reunião de Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia (UE).

O evento que acontece na próximas segunda-feira (17) e terça (18), será um marco na retomada do encontro que não acontecia desde 2015. A última edição foi realizada na gestão da presidenta Dilma Rousseff (PT).

“Para esta reunião da Celac com a União Europeia não existe uma grande expectativa de acordo a ser firmado. A importância dela é a reativação prática da Celac, que foi muito reduzida durante a gestão Bolsonaro e nos anos que a direita esteve no poder na Argentina”, afirma Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC e integrante do Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil (OPEB) da UFABC.

“Agora a Celac tem uma reunião oficial com a UE. A Celac passa a ter uma existência política real. É a primeira reunião entre os dois blocos desde 2015, essa é a grande importância”, conclui o professor.

Nesta terceira edição, são esperados representantes de 33 países da América Latina e do Caribe, além dos 27 membros da União Europeia.

Acordo Mercosul-UE

Maringoni comenta que o acordo entre Mercosul e UE não está previsto na pauta do encontro. Mas, na opinião do especialista, a agenda de Lula está programada para avançar neste tema.

“Lula tem uma série de reuniões importantes que podem destravar o acordo. Mas é importante salientar que a bola está com a UE”, comenta.

O acordo teve um avanço significativo em 2019, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Para o professor, Lula está agindo para reverter as concessões feitas em benefício aos países europeus.

“O acordo entre os dois blocos foi firmado em 2019, capitaneado por [Maurício] Macri e [Jair] Bolsonaro. As concessões feitas foram enormes, e em especial as propostas pelo Brasil. As propostas de [Paulo] Guedes foram tão grandes que até o governo Macri hesitou em fechar”, relembra o professor.

“Elas [concessões] são conhecidas, ou seja, compras governamentais e abertura de licitações para empresas europeias. O que pode provocar, como Lula tem advertido, a devastação de pequenas e médias empresas.”

Com a viagem para Bélgica, Lula completa um total de dez viagens realizadas e 14 países visitados apenas considerando este seu terceiro mandato à frente da Presidência da República.

Na próxima segunda-feira, o presidente participará da abertura da mesa de negócios União Europeia, América Latina e Caribe com representantes do setor privado, bancos de financiamento e líderes políticos.

Entre os temas que devem ser abordados estão a mudança do clima, comércio e desenvolvimento sustentável, inclusão social, recuperação econômica pós-pandemia, transição energética, transformação digital, migrações, reforma da arquitetura financeira internacional, luta contra o crime organizado e cooperação para o desenvolvimento.

Edição: Patrícia de Matos

Cláudia Beatriz:
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