O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está no centro de uma controvérsia após ter feito um discurso no qual comparou “professores doutrinadores” a traficantes de drogas. A professora Nelice Pompeu, que atua na rede pública de ensino do estado de São Paulo há mais de 30 anos e faz parte do Movimento Escolas em Luta, acionou o Ministério Público Federal (MPF) para que medidas sejam tomadas contra o congressista. O discurso ocorreu no domingo (9), durante o 4º Encontro Nacional do Proarmas pela Liberdade, realizado em Brasília.
Nas palavras do deputado, “não há diferença entre um professor doutrinador e um traficante de drogas que tenta sequestrar nossos filhos para o mundo do crime. Talvez o professor doutrinador seja pior”. No dia seguinte, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou que a Polícia Federal (PF) analisasse as declarações de Eduardo Bolsonaro durante o evento. Em suas redes sociais, o deputado criticou a medida e mencionou uma suposta utilização política da PF.
Nelice Pompeu classificou a declaração do deputado como “irresponsável” e acredita que ele deve ser punido de alguma forma. Segundo ela, a fala de Bolsonaro não se enquadra na liberdade de expressão quando coloca em risco a vida e os direitos das pessoas, além de promover o ódio. Além de acionar o Ministério Público Federal, a professora também solicitou que a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados tome medidas em relação ao pronunciamento do congressista.
Nelice Pompeu ressalta que a violência nas escolas tem aumentado nos últimos anos e que o discurso de Eduardo Bolsonaro contribui para esse cenário. Ela destaca a importância de trabalhar a cultura de paz e valorizar a profissão de professor para combater a violência no ambiente escolar. Marcele Frossard, assessora de Programa e Políticas Sociais da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, também enfatiza o aumento da violência nas escolas e a perseguição aos professores como reflexos de um processo que ocorre desde o início dos anos 2000.
A construção de um ambiente escolar seguro e pacífico requer a participação de todos os envolvidos, incluindo estudantes, pais, responsáveis e a sociedade como um todo. É necessário fortalecer os vínculos e promover a participação dos estudantes por meio de instâncias como grêmios estudantis e conselhos escolares. Beatriz Graeff, pesquisadora do Instituto Sou da Paz, destaca a importância de um diagnóstico constante das violências que ocorrem nas escolas para a criação de políticas públicas eficazes.
Até o momento, Eduardo Bolsonaro não se pronunciou sobre a abertura da investigação, mas criticou a mobilização da Polícia Federal para analisar suas declarações. A controvérsia em torno do discurso do deputado evidencia a necessidade de promover o respeito, a tolerância e o diálogo nas escolas, a fim de criar um ambiente propício para o desenvolvimento e a formação dos estudantes.