China realiza maior conferência de IA com foco em gigantes tecnológicas locais

A maior conferência de Inteligência Artificial (IA) da China, a Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC), terá início nesta semana em Xangai, apresentando as ambições de IA de Pequim em meio à crescente rivalidade tecnológica com os Estados Unidos. O evento, organizado por vários ministérios do governo chinês, contará com a participação das principais empresas e instituições de IA do país.

A agenda do evento, que acontecerá de quinta a sábado, é dominada por empresas e palestrantes locais, com a ausência de alguns nomes internacionais proeminentes. Notavelmente, a OpenAI, apoiada pela Microsoft e desenvolvedora do ChatGPT, não estará presente. Com os reguladores chineses preocupados com os riscos da IA generativa, é improvável que o ChatGPT e serviços semelhantes, como o Bard do Google, sejam permitidos no mercado chinês. Isso cria mais um “jardim fechado” dentro do Grande Firewall chinês, que poderia beneficiar as gigantes tecnológicas locais.

De acordo com o governo de Xangai, o evento contará com a participação de mais de 400 empresas, incluindo pelo menos 30 desenvolvedoras de seus próprios modelos de linguagem de grande escala (LLMs), a tecnologia que impulsiona produtos como o ChatGPT.

Diversas empresas de tecnologia de grande porte estão entre os principais patrocinadores do evento. O Alibaba Group Holding, a fintech Ant Group e a Tencent Holdings estão na lista, juntamente com a Huawei Technologies e a SenseTime, ambas sancionadas pelos Estados Unidos. A Qualcomm, gigante do design de chips móveis, é a única empresa dos EUA a patrocinar o evento como um dos “parceiros de elite”, marcando uma mudança notável desde antes da pandemia de Covid-19.

Embora algumas grandes empresas de tecnologia dos EUA estejam presentes, como Apple, Amazon, Microsoft e Tesla, o número de patrocinadores americanos diminuiu desde 2019. A cautela das empresas americanas em patrocinar uma conferência chinesa de IA reflete as preocupações em torno da crescente rivalidade geopolítica e das restrições impostas por Washington às exportações de chips para a China.

A WAIC é realizada anualmente em Xangai desde 2018, proporcionando uma oportunidade para empresas de tecnologia se conectarem com autoridades chinesas. O evento é co-patrocinado por oito departamentos governamentais, incluindo o Governo Popular Municipal de Xangai e o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China.

A conferência ocorre em meio a uma corrida armamentista de IA renovada, impulsionada pelo lançamento do ChatGPT em novembro passado. Xangai tem buscado se posicionar como centro das metas da China para o setor de IA, com um plano ambicioso de atrair dezenas de milhares de trabalhadores e empresas relacionadas em IA até 2025.

Ruann Lima: Paraibano e Estudante de Jornalismo na UFF
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