Às vésperas de ingressar no governo Lula 3, o Centrão concordou com Planalto que partidos como PP e Republicanos manterão a retórica de “autonomia” no Congresso, apesar de ambos os grupos estarem secretamente negociando posições em ministérios e em níveis administração pública. De acordo com o Valor, essa aliança foi estabelecida como uma maneira de evitar que a coalizão cause constrangimento aos governadores e parlamentares mais conservadores da ala política.
Na semana anterior, o Centrão manifestou interesse em obter cargos no governo de Lula e apresentou uma lista de demandas. Essas solicitações envolvem o controle de entidades como os ministérios do Esporte, do Desenvolvimento Social, além da Caixa Econômica Federal e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), um órgão vinculado ao Ministério da Saúde.
Ao concordar com essa condição, o governo Lula está adotando o mesmo modelo que foi estabelecido com o partido União Brasil no início de seu mandato. Em janeiro, o partido fez várias indicações políticas para a administração petista, mas não se declarou formalmente como membro da base aliada no Congresso, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado. Como resultado, vários parlamentares do União Brasil não forneceram os votos esperados pelo governo Lula.
Como parte desse acordo, os partidos do Centrão farão suas indicações para ministérios de maneira discreta, mas publicamente afirmarão que os novos ministros são parte da “cota pessoal” do presidente da República. A liderança do governo justifica que essa possibilidade já estava considerada e que o pacto não resultará nos mesmos problemas observados na aliança com o partido União Brasil.
A explicação dada é que, desta vez, os nomes propostos pelo Centrão têm boas relações no Congresso e provavelmente receberão mais apoio para o governo. No entanto, ambas as partes reconhecem que o acordo se restringirá a questões econômicas e de infraestrutura, ou seja, não abrangerá pautas ideológicas, como as bandeiras da esquerda, por exemplo.
Até o momento, as negociações indicam, por exemplo, que o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) pode ser indicado para o Ministério do Esporte, enquanto o deputado André Fufuca (PP-MA) é cotado para o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Quanto à Caixa Econômica Federal, o ex-ministro Gilberto Occhi (PP-MG) é considerado um possível nome. No entanto, ainda não há um consenso para a indicação da Funasa, que precisa ser uma escolha de “consenso” e com uma aparência de “verniz técnico”.
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