O ex-ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro, Adolfo Sachsida, revelou que caso o agora inelegível tivesse sido reeleito a Petrobras seria entregue ao capital privado. “Embora muita gente não acreditasse que isso fosse possível, a desestatização estava sendo preparada pelo governo”, disse o ex-ministro ao O Estado de S. Paulo.
“O atual governo tem uma visão de mundo muito diferente da nossa. Quando fui ministro de Minas e Energia, sempre procurei colocar um norte muito claro para cada uma das áreas que estavam sob minha direção”, prosseguiu Sachsida.
“Nos setores de petróleo e gás, o meu norte era gerar competição”, assume. “Nós iríamos trazer, no espaço de um ano e meio, muita competição aos setores de petróleo e gás no Brasil”, alega.
Na sequência, ele revela que “havia várias propostas de como privatizar a Petrobrás na mesa, mas nós estávamos estudando uma maneira de fazer a privatização gerando competição nos setores de petróleo e gás”.
“A gente não iria trocar um monopólio estatal por um monopólio privado. Isso iria facilitar e melhorar muito a vida dos brasileiros. No caso da PPSA (Pré-Sal Petróleo S/A), o processo já estava mais adiantado. Nós chegamos a enviar ao Congresso um projeto de lei para vender os recebíveis de trinta anos da PPSA, que era uma maneira de privatizar a empresa”. explica.
“Pelo entendimento que eu tive com ele [Bolsonaro] até o fim do governo, tinha sinal verde para tocar a privatização da Petrobrás. Tanto é que ela foi tocada. Não foi só da boca para fora. O primeiro passo foi pedir ao PPI (Programa de Parceria de Investimentos) para começar os estudos sobre a privatização e o conselho do PPI aprovou o nosso pleito”, detalha.
“Meu primeiro ato oficial foi solicitar ao ministro Paulo Guedes, a quem o PPI era subordinado, para incluir a PPSA e a Petrobras no processo de privatização. Então, eu acredito que teria o apoio do presidente para dar continuidade ao processo, caso ele ganhasse a eleição. Só que, agora, tudo mudou. O presidente Lula determinou a exclusão da Petrobrás, da PPSA e de mais seis empresas, como os Correios, a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) e o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), do PPI”. finaliza.