Em depoimento à Polícia Federal, o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como o Hacker da Vaza Jato, entregou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e revelou seu envolvimento em uma série de irregularidades. Segundo apuração do blog, Delgatti afirmou que a parlamentar o financiava para tentar invadir urnas eletrônicas, telefones celulares de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e os sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O objetivo dessas ações era desmoralizar a Justiça e os ministros considerados inimigos do bolsonarismo.
Delgatti também relatou que começou a temer por sua vida ao perceber que Zambelli marcava encontros em locais remotos e em horários suspeitos. Ele afirmou que decidiu entregar a deputada à Polícia Federal por medo de ser vítima de uma “queima de arquivo”.
O hacker foi preso em 2019 por esses acessos ilegais, mas foi libertado. No entanto, em junho, ele foi detido novamente por descumprir medidas judiciais relacionadas à proibição de acessar a internet. Durante uma entrevista, Delgatti admitiu estar cuidando do site e das redes sociais de Zambelli. Posteriormente, a Justiça concedeu sua soltura novamente.
Ao revelar o envolvimento de Zambelli, o hacker decidiu falar sobre os pedidos feitos por ela agora, temendo pela própria vida.
Carla Zambelli negou e afirmou desconhecer os fatos mencionados nas declarações de Delgatti. Seu advogado, Daniel Bialski, informou que solicitará acesso aos autos e tomará todas as medidas cabíveis após analisá-los.
Alexandre Neres
13/07/2023 - 13h36
Quero dedicar este artigo aos lavajatistas, que passaram pano para as maiores aberrações que foram perpetradas pela República de Curitiba, ao arrepio do estado democrático de direito e do devido processo legal. Foi publicado ontem na Folha e n’O Globo. Elio Gaspari pode ser acusado de tudo, menos de ser esquerdista, a não ser pelos bolsominions para quem todo mundo é comunista.
Cancellier, a vítima do lava-jatismo – ELIO GASPARI
Preso e humilhado, o reitor da UFSC matou-se
O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que investigará se foram praticados abusos na operação que em setembro de 2017 levou à prisão o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier. Foram.
O anúncio de Dino veio logo depois de o Tribunal de Contas da União ter revelado que não encontrou irregularidades na gestão do professor. A morte do reitor Cancellier foi um momento exacerbado dos tempos lava-jatistas. Revisitá-los com frieza evitará que se repitam.
Preso e algemado, Cancellier foi libertado em 36 horas e proibido de circular na universidade. Dezoito dias depois, o professor matou-se, atirando-se do alto de um shopping center de Florianópolis. No seu bolso havia um bilhete que dizia: “A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade.”
A investigação contra Cancellier partiu de uma denúncia anônima. Em julho de 2017, a delegada da Polícia Federal Érika Marena produziu um relatório de 126 páginas e o encaminhou à Justiça. Marena era uma estrela da Operação Lava Jato e num filme que a louvava ela era interpretada pela atriz Flávia Alessandra. Em agosto, a juíza Janaína Cassol autorizou o início da Operação Ouvidos Moucos. No dia 14 de setembro, Cancellier e outros cinco professores foram presos. Eram acusados de um desvio de R$ 80 milhões.
Desde o primeiro momento a equipe de policiais foi advertida para a existência de pelo menos um erro aritmético. O programa de onde teria saído o desvio valia R$ 40 milhões. Nada feito.
Cancellier só se fez ouvir graças ao repórter Ascânio Seleme. Denunciava “uma investigação interna que não nos ouviu; um processo baseado em depoimentos que não permitiram o contraditório e a ampla defesa”.
Diante da morte de Cancellier, o juiz Sergio Moro saiu-se com uma pérola: “Foi um infortúnio imprevisto na investigação”. De Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol mandou uma mensagem à delegada Marena: “Erika, eles não prevalecerão. É um absurdo essas críticas. Um bando de -perdoe-me- imbecis. (…) Não fique chateada, amiga.”
Os colegas de Cancellier saíram em sua defesa e Lula divulgou uma nota condenando “a sanha das manchetes sensacionalistas e a sede da destruição de reputações”. Do Judiciário, partiu a voz da desembargadora Simone Schreiber, do TRF-2: “O espetáculo de humilhação da pessoa investigada não serve para rigorosamente mais nada, só para a Polícia Federal fazer sua propaganda institucional”.
Na cela em que foram colocados os professores um deles disse: “A sociedade está doente. Um louco encontra outro louco, que encontra outro mais louco ainda, e acontece isso”.
Passaram-se seis anos e ninguém se desculpou. Chegou-se a buscar intimidações, prosseguindo o que teria sido uma investigação quando era acima de tudo um futrica universitária.
A apuração que Dino pretende fazer não precisa de malucos. O caso de Cancellier pode vir a expor o gosto da ação policial pelo espetáculo a partir do arbítrio, o reboquismo da Justiça e a precipitação da imprensa, divulgando de forma acrítica versões policiais factualmente contestadas.
Se uma das pernas desse tripé sair do jogo, mesmo havendo três malucos, pessoas como Cancellier não passam pelo que ele passou.
Paulo
12/07/2023 - 22h37
Acreditar num sujeito desses, cujo histórico de vida é, no mínimo, suspeito, e em nada o credencia, ao contrário (e não só por deficiência moral, mas por privações familiares que teve), é dar razão ao imponderável…Mas a esquerda acredita, aparentemente; e a direita também, tanto quanto lhes convenha…Que ele transite tão facilmente entre ambos esses espectros é o retrato da nossa decadência moral…