A decisão do premiê Pedro Sánchez de antecipar as eleições do final do ano para o dia 23 de julho na Espanha, após a derrota do seu partido, o PSOE, em várias regiões do país em maio, está gerando diversos desdobramentos. Um deles é a inédita realização de um pleito durante o verão no país.
No entanto, além dessa curiosidade, um efeito não previsto dessa movimentação é o surgimento de Alberto Núñez Feijóo, presidente do Partido Popular (PP), como um dos nomes mais viáveis para ocupar o cargo de primeiro-ministro no país europeu.
De acordo com pesquisas, Feijóo tem grandes chances de liderar a Espanha nos próximos anos. No sistema parlamentarista espanhol, os eleitores votam em partidos, que por sua vez indicam os deputados. A sigla ou coalizão que conquistar a maioria das 176 cadeiras no Parlamento terá o poder de indicar o primeiro-ministro.
Segundo um levantamento diário realizado pelo instituto Sigma para o jornal El Mundo, o PP mantém uma média de 34% desde o início de junho, enquanto o PSOE ronda os 28%.
Para “salvar a Espanha do sanchismo”, como afirmou Feijóo em sua campanha, ele está focado em três principais promessas, conforme explica Juan Fernández-Miranda, diretor-adjunto do jornal conservador ABC.
“Em primeiro lugar, há a proposta de uma reforma fiscal abrangente, na qual ele vislumbra uma redução de impostos, embora isso seja claramente uma promessa eleitoralista.”
Além disso, Feijóo busca diminuir o déficit de 4,8% do PIB em 2022 e a dívida pública de mais de €1,5 trilhão (equivalente a R$8 trilhões), que representa 113% do PIB espanhol do ano passado. “Vamos administrar o orçamento melhor do que os socialistas” é outro de seus slogans.
Embora o político tenha indicado a intenção de reduzir o número de ministérios, ainda não foram detalhados cortes significativos em nenhuma área específica.
“Em segundo lugar, ele propõe revogar algumas das mudanças implementadas por Sánchez, como a promessa de criminalizar novamente os referendos ilegais no Código Penal, como os realizados por movimentos independentistas em seus territórios”, acrescenta Miranda.