Segundo pesquisadores do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (Lemep) do Iesp/Uerj, o desentendimento entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em relação à Reforma Tributária, está gerando divisões em grupos de bolsonaristas que são monitorados em pesquisas qualitativas contínuas.
Os cientistas políticos João Feres e Carolina de Paula, coordenadores de um projeto, observaram dois padrões distintos nas opiniões dos bolsonaristas. Por um lado, há os “convictos”, que apoiaram as invasões aos Três Poderes ocorridas em janeiro, e, por outro lado, os “moderados”, que seguem Bolsonaro, mas discordam da abordagem destrutiva adotada no início do ano.
Embora exista um desconhecimento geral sobre os detalhes da reforma, os participantes classificados como “convictos” recorrem a um “atalho informacional” fornecido por Bolsonaro, a fim de manterem-se alinhados ao ex-presidente e àquilo que consideram ser o “certo” na direita, posicionando-se contra aqueles que são considerados “traidores” ou políticos que se deixam influenciar pela esquerda.
“Para esse segmento, Bolsonaro está certo em sua posição contrária porque conhece o Brasil e sabe melhor que ninguém o que é bom para a direita. Nesse grupo dos convictos, há uma parcela irritada com a ‘postura de traidor’ de Tarcísio e uma outra que o vê como ingênuo e acreditam que não se trata de uma briga, mas de um conflito de opiniões”, declarou Carolina.
Dentro da base mais leal a Bolsonaro, há um consenso de que Tarcísio deveria ouvir mais o ex-presidente. Porém, entre os apoiadores mais moderados, há uma percepção de que os dois principais nomes da direita brasileira entraram em desentendimento e que esse conflito pode se intensificar ainda mais.
“Há inclusive quem observe briga por espaço político dentro da direita como um todo. Assim, sobram críticas para ambos. Nesse segmento, os participantes ponderam que a Reforma Tributária é um assunto complexo, e que, por isso, as opiniões muitas vezes são diferentes”, disse Feres.
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