A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ajudou o candidato apontado como favorito para ser o próximo procurador-geral da República (PGR), no lugar de Augusto Aras. O atual vice da procuradoria-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco tem grande chance de ocupar a vaga principal, já que tem sido o nome defendido por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e também passou a contar com o apoio de Flávio Dino, ministro da Justiça. E segundo interlocutores, o presidente Lula (PT) já o considera à frente dos demais para o cargo.
Embora Aras possa ocupar o cargo por mais dois anos, essa possiblidade tem sido considerada bem improvável devido à sua ligação com Jair Bolsonaro. Já Gonet Branco foi fundamental na ação que condenou o ex-presidente. Ao se manifestar, considerou que houve abuso de poder político no processo em que o ex-presidente era acusado por atacar a lisura das urnas eletrônicas em reunião com embaixadores em julho de 2022.
Considerado discreto e visto por colegas como um conciliador, Gonet Branco é bem avaliado por advogados do Prerrogativas, grupo que ficou conhecido pela atuação contra a Operação Lava-Jato e que tem alguns integrantes no governo Lula. O vice procurador eleitoral já chegou a ser sócio do ministro Gilmar Mendes, do STF, no Instituto Brasiliense de Direito Público; e também tem o apoio de outros ministros como Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Há pouco mais de um mês, durante um churrasco no Palácio da Alvorada, Gilmar e Moraes expressaram verbalmente a simpatia por Gonet Branco.
A indefinição na escolha para a PGR se dá após Lula anunciar que dessa vez irá adotar critério pessoal para a nomeação, em vez de escolher a partir de uma lista tríplice eleita por categoria. Visto que, a obrigatoriedade por escolha a partir da lista não está prevista na Constituição.
Outro nome que tem sido levado a Lula é o do também subprocurador Antonio Carlos Bigonha, que já chegou a presidir Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Ele é visto pelos pares como progressista, mais alinhado ao campo ideológico do PT.
O atual PGR, Augusto Aras, também já trabalha para emplacar um sucessor. Um dos nomes próximos a ele, é o do coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, Carlos Frederico Santos. Ele ganhou protagonismo ao ser colocado à frente das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.
A permanência de Aras no cargo não é descartada por aliados de Lula, pois ele sempre teve boa interlocução com integrantes do PT, e seu pai, Roque Aras, chegou a ser deputado federal pelo partido na década de 1980. Porém, segundo interlocutores Aras tem negado intenção de continuar no cargo e diz querer dedicar seu tempo à família.