Menu

Após novos confrontos no Sudão deixar dezenas de civis mortos, ONU prevê guerra civil

Neste domingo (9), a ONU declarou que o Sudão está à beira de uma guerra civil, após sofrer um ataque da força aérea em um bairro residencial da capital de Cartum. O bombardeio, que ocorreu no sábado (8), matou 22 civis e deixou um grande número de feridos, de acordo com o Ministério da Saúde […]

sem comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Fumaça sobe em Omdurman, perto da Ponte Halfaya, durante confrontos entre as Forças paramilitares de Apoio Rápido e o exército, vista do norte de Cartum, Sudão, em 09 de julho de 2023. REUTERS - MOHAMED NURELDIN ABDALLAH

Neste domingo (9), a ONU declarou que o Sudão está à beira de uma guerra civil, após sofrer um ataque da força aérea em um bairro residencial da capital de Cartum. O bombardeio, que ocorreu no sábado (8), matou 22 civis e deixou um grande número de feridos, de acordo com o Ministério da Saúde sudanês.

O Ministério da Saúde postou um vídeo online, no qual corpos são mostrados no chão, alguns com membros esquartejados saindo dos lençóis que foram colocados para cobri-los. Diversas vítimas são mulheres.

Entenda o conflito 

No centro dos confrontos estão o líder militar do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, e o comandante das Forças de Apoio Rápido (FAR) paramilitares, Mohamed Hamdan Dagalo.

Até recentemente, eles eram aliados. Os dois trabalharam juntos para derrubar o presidente sudanês deposto Omar al-Bashir em 2019 e desempenharam um papel fundamental no golpe militar em 2021. No entanto, surgiram tensões durante as negociações para integrar a FAR nas forças armadas do país como parte dos planos para restaurar o governo civil.

A guerra entre as FAR e as tropas regulares, que acontece há quase três meses, já deixou cerca de 3 mil mortos. Desde o início do conflito aproximadamente 3 milhões de civis foram forçados a deixarem suas casas, dentre esses, mais de 600 mil partiram para o exterior, principalmente para o Egito, no norte, e para o Chade, no oeste. 

“Falta de respeito pelo direito humanitário”

Um dos porta-vozes do secretário-geral da ONU (António Guterres), Farhan Haq, denunciou o conflito como “uma total falta de respeito pelo direito humanitário e pelos direitos humanos”, principalmente em Darfur, que foi uma região martirizada nos anos 2000 e agora está novamente no centro dos combates.

Nesta região do oeste do Sudão, combatentes tribais e civis armados se juntaram aos dois lados da guerra, o confronto assumiu uma “dimensão étnica”, informa a ONU, ao passo que os moradores relatam execuções com base na origem étnica. 

A ONU considera o risco de uma guerra civil principalmente nas fronteiras do Sahel, Chifre da África e Oriente Médio, áreas que já foram abaladas pela violência antes da guerra em Cartum.

Partindo da capital, os combates, ataques aéreos e saques que seguem incansavelmente atingiram Darfur, assim como Kordofan, ao sul de Cartum, e o Nilo Azul, na fronteira com a Etiópia, ao sul. Durante a noite, os moradores relatam combates em El-Obeid, capital do Kordofan do Norte.

Negociações pela paz

Na busca por uma saída para a crise, a ONU defende as propostas do IGAD, uma Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento. Este bloco comercial do leste africano se reunirá na segunda-feira (10), em Adis Abeba, com os chefes de Estado dos quatro países envolvidos no conflito sudanês: Etiópia, Quênia, Somália e Sudão do Sul. Um oficial do Igad declarou que os dois generais em guerra foram convidados, mas nenhum dos lados reagiu.

Desde 15 de abril, os generais Burhane e Daglo, foram filmados poucas vezes entre suas tropas. Os dois apenas intervêm por meio de mensagens sonoras. No entanto, de acordo com um funcionário do IGAD, eles poderiam enviar representantes para Addis Abeba na segunda-feira.  

Khalid Omer Yousif, um dos funcionários civis destituídos do governo em 2021 pelo golpe dos dois generais agora em guerra, anunciou que diversos representantes civis estariam em Adis Abeba para “discutir com atores sudaneses e internacionais para acelerar os esforços pela paz”.

As negociações, que estavam sendo lideradas pelos americanos e sauditas, mas que agora foram paralisadas, renderam apenas tréguas temporárias, e quase nunca respeitadas. 

Apoie o Cafezinho

Ana Clara Nascimento

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!


Leia mais

Recentes

Recentes