Líderes europeus se manifestaram contra a posição de Biden em enviar bombas de fragmentação à Ucrânia. Na sexta-feira (7), os EUA anunciaram que enviariam esse tipo de munição para que Kiev consiga se proteger.
As bombas de fragmentação costumam explodir liberando uma grande quantidade de pequenas bombas em uma área de cerca de 25.000 metros quadrados. Esses pequenos fragmentos de explosivos podem ficar ativos por décadas, transformando as regiões atingidas em campos minados.
Os governos de países como Reino Unido, Canadá e Espanha se posicionaram contrários à medida. Já a Alemanha e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) afirmaram que cabe aos envolvidos decidirem se usam ou não o armamento.
A ministra da Defesa da Espanha, Margarita Robles, disse que as bombas de fragmentação não devem ser enviadas à Ucrânia.
“A Espanha, com base no firme compromisso que tem na Ucrânia, também tem um firme compromisso de que certas armas e bombas não podem ser entregues sob nenhuma circunstância”, declarou a repórteres durante comício em Madri.
Robles completou dizendo que a decisão de enviar bombas de fragmentação foi tomada pelo governo americano, não pela OTAN, em que a Espanha é membro.
Neste sábado (8), o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, acompanhou a manifestação espanhola e declarou a repórteres que o país seguirá fazendo o possível para apoiar a Ucrânia contra a invasão russa, e ressaltou que o Reino Unido é signatário da convenção contrária às bombas de fragmentação e desencoraja seu uso.
O governo canadense reagiu no mesmo sentido. Em comunicado, afirmou que “o Canadá está em total conformidade com a convenção” contra o uso de bombas de fragmentação e leva a sério sua “obrigação de encorajar a adoção universal” ao tratado.
Os países que se posicionaram contra o uso das bombas citaram a convenção de 2008, da qual são signatários, que proíbe a fabricação e o uso dessas munições. Ao todo, 123 nações se comprometem a não produzir nem usar o armamento.
Rússia, Ucrânia e Estados Unidos não assinaram a Convenção sobre Munições Cluster, que proíbe a produção, armazenamento, uso e transferência de bombas de fragmentação.
“Gesto de desespero”
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, comentou sobre a decisão dos EUA em enviar as munições para a Ucrânia. Segundo ela, essa atitude trata-se de um “gesto de desespero” diante do fracasso ucraniano.
“A transferência de bombas de fragmentação [dos EUA à Ucrânia] é um gesto de desespero e prova de impotência diante do fracasso da tão divulgada ‘contra-ofensiva’ ucraniana”, falou.
De acordo com a porta-voz da chancelaria russa, as bombas de fragmentação, com a qual Washington e Kiev contam, sem pensar nas consequências, não afetarão o curso de uma operação militar especial. Apesar de negar o potencial das munições interferirem no conflito, Zakharova destacou o potencial de esse tipo de armamento deixar minas terrestres ativas nos locais de lançamento por décadas.
“Washington se tornará cúmplice da saturação do território com minas e compartilhará integralmente a responsabilidade pelas vítimas causadas pelas explosões, incluindo crianças russas e ucranianas”, completou.