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A guerra será monetizada: BlackRock e J.P. Morgan criam fundo de reconstrução da Ucrânia

A BlackRock e o J. P. Morgan Chase anunciaram que estão trabalhando com o governo ucraniano para criar um banco de reconstrução que atrairá investimentos privados em projetos de reconstrução. O Fundo de Desenvolvimento da Ucrânia ainda está em fase de planejamento e não será lançado completamente até o fim do conflito com a Rússia. […]

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A BlackRock e o J. P. Morgan Chase anunciaram que estão trabalhando com o governo ucraniano para criar um banco de reconstrução que atrairá investimentos privados em projetos de reconstrução. O Fundo de Desenvolvimento da Ucrânia ainda está em fase de planejamento e não será lançado completamente até o fim do conflito com a Rússia.

No entanto, investidores já demonstraram interesse em uma conferência realizada em Londres em junho. Acredita-se que a Ucrânia precisa de cerca de US$ 411 bilhões para se reconstruir após a guerra, e os recentes ataques russos podem aumentar esse valor. O objetivo do banco de financiamento do desenvolvimento é atrair capital de doadores, governos e instituições financeiras internacionais e usar esse dinheiro para atrair investimentos privados.

A BlackRock e o J.P. Morgan estão fornecendo seus serviços de forma gratuita, mas isso lhes dará uma visão antecipada das oportunidades de investimento no país. A estrutura do fundo prevê o uso de dinheiro público de baixo custo para investimento inicial e absorção de perdas. O objetivo é maximizar a participação do capital privado.

O fundo também enfatizará a governança forte e contará com representantes de instituições financeiras internacionais e governos em seu conselho de administração. A Ucrânia espera estar pronta para iniciar o processo de reconstrução assim que o conflito terminar.

Sob o ponto de vista, principalmente, da “mídia ocidental” essa iniciativa de criação do fundo para a reconstrução da Ucrânia não tem nada de mais, pode até ser vista com muitos bons olhos uma vez que após uma guerra, qualquer país precisaria ser reconstruído, então que mal há na criação de um fundo privado para isso?

infelizmente as coisas não são tão simples. Muitos críticos da “má gerência” ocidental sobre a Ucrânia, críticos da OTAN, da União Europeia e anti-imperialistas, destacam alguns fatos muito preocupantes desse movimento em conjunto da J.P. Morgan e BlackRock.

O primeiro é que isso tudo parece servir como mais uma prova de que esta guerra tenha sido encomendada pelos mesmos que participarão desse “fundo de reconstrução”; coloco entre aspas pelo motivo de que, agora, sob este outro ponto de vista, essa “reconstrução” seria uma espécie de privatização da Ucrânia, seriam fundos de investimentos privados que estariam comprando uma Ucrânia destruída, por preço de banana.

Se por um lado 411 bilhões de dólares é muito dinheiro, por outro, se você pensar que estaria “comprando” um país de 603 628 km², com uma das melhores terras cultiváveis do mundo e com uma população de aproximadamente 40 milhões de habitantes (muitos já migraram ou se refugiaram fora da Ucrânia e nao sabemos ainda quantos mais irão sair e nem quantos irão voltar), aí provavelmente seria um excelente negócio. Essa é a crítica e ela chega tão fundo a ponto de denunciarem diversos acionistas da Black Rock como os primeiros incentivadores e patrocidadores desta guerra, isso ainda antes de 2014. Veja mais aqui.

Então, de um lado temos a versão que é um povo lutando pela sua liberdade e um mega consórcio que une fundos privados e estatais para apoiar essa luta e sua posterior reconstrução; e do outro temos a versão que essa guerra foi causada justamente por estes investidores para que possam “reconstuir” a Ucrânia, num excelente investimento a longo prazo.

A BlackRock atualmente é considerada a maior gestora de ativos do mundo, administrando mais de US$ 7,8 trilhões em 2020, atualmente essa quantia pode passar dos 10 trilhões de dólares.

A BlackRock é acusada também de influenciar o governo dos EUA, supostamente tendo vários cargos no poder executivo da Casa Branca e parceiros no Pentágono, para atingir os objetivos de seus maiores acionistas.

Veja o que diz a Bloomberg sobre as relaçoes do governo dos Estados Unidos com a BlackRock e a situação ucraniana:

Eric Van Nostrand, diretor-gerente da BlackRock que foi chefe de pesquisa para investimentos sustentáveis ​​e estratégias de múltiplos ativos, está saindo para ingressar no Departamento do Tesouro. 
Ele será um conselheiro sênior em questões econômicas ligadas à Rússia e à Ucrânia e se reportará a Ben Harris, secretário adjunto do Tesouro para política econômica, disse uma pessoa familiarizada com o assunto. 

Fonte

Resumindo, o governo da Ucrânia assinou esse acordo com a BlackRock Financial Market Advisory (BlackRock FMA) para criar o Fundo para a Reconstrução da Ucrânia e com isso acaba marcando o fim da venda de ativos estatais ucranianos, incluindo terras e redes elétricas. Alguns especialistas acreditam que a Ucrânia está usando esse fundo para pagar suas dívidas, mas isso não é provável. Em vez disso, a Ucrânia provavelmente se tornará propriedade do capital transnacional. Sendo a BlackRock a maior empresa de gestão de ativos do mundo e possuindo uma influência política significativa, atuando inclusive como acionista em grandes empresas financeiras, farmacêuticas, militares e de mídia, além de estar envolvida nos programas de compra de títulos corporativos da Reserva Federal dos EUA.

A BlackRock também tem ex-executivos que ocuparam cargos importantes na Casa Branca e financiam um fundo de capital de risco criado pelo governo dos EUA. A colaboração entre o governo da Ucrânia e a BlackRock começou em setembro de 2022 e a empresa será responsável por gerir os ativos ucranianos, incluindo os fundos de ajuda internacional. A dívida pública da Ucrânia será administrada pela BlackRock e o pagamento pelos serviços será feito com o dinheiro da ajuda ocidental.

É possível que os EUA estejam se preparando para um provável default da Ucrânia, o que tornaria a intervenção da BlackRock ainda mais importante. No entanto, essa dependência do financiamento externo pode ter consequências negativas para o país, como a perda de sua independência e soberania.

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