A votação da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados certamente tem três vencedores bem definidos: o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (REP-SP).
Lira, além de conseguir ter um marco histórico para chamar de seu, mostrará que segue sendo uma peça importante para o governo, sem precisar da beligerância que o Brasil assistiu em julho. Com o fim do orçamento secreto, o presidente da Câmara vem buscando maneiras de manter seu poder e força política desde o fim do orçamento secreto. Além de envolvido em uma série de episódios pouco abonadores envolvendo kits de robótica, sua intentona para emparedar o governo também não pegou bem.
Já Haddad saiu desse processo tumultuado como um dos maiores vencedores, prestigiado por parlamentares de diversas orientações ideológicas e bem visto pelo Congresso. Saiu como um hábil articulador e alguém que não tem medo de ir para o corpo-a-corpo. Seu trabalho na Reforma Tributária agradou até mesmo agentes importantes do mercado financeiro e do empresariado e surpreendeu a todos ao convencer o novo nome da extrema direita, o governador de São Paulo, a defender a reforma, ele que dias atrás era um ferrenho opositor.
Já Tarcísio de Freitas, que até semana passada se empenhava em homenagear um criminoso da ditadura militar, conseguiu se sair como alguém moderado ao ser escrachado na reunião do PL e ser alvo de ataques dos filhos de Jair Bolsonaro e da fúria do ex-presidente, que foi recentemente declarado inelegível pela justiça eleitoral.
Entre acenos a teses extremistas e um ministeriado de dar inveja a Jair Bolsonaro, o governador paulista vem se esforçando para agradar o eleitorado mais moderado e exausto das estripulias de Jair Bolsonaro, e os episódios dessa semana se tornaram a peça de marketing ideal para os nomes à direita que fazem vistas grossas a extremistas, mas que já não querem ser vistos andando ao lado de um.
Em resumo, venceu quem soube fazer política, e perdeu quem segue insistindo na militância da antipolítica.
Vitória da política.