Bolsonaro decidiu que sua nova “revanche” com Lula será na reforma tributária. Porém, já começou o seu “terceiro turno” perdendo.
Isso não quer dizer que a confusão não impere, como tudo que orbita o ex-presidente. Numa reunião do Partido Liberal (PL), não faltaram críticas ao governador paulista e até mesmo Bolsonaro atropelando a fala do governador de São Paulo para ir contra o que ele dizia.
Tarcísio de Freitas, sua cria política e governador de São Paulo, defende a reforma e está mobilizando o seu partido e outros parlamentares para tal. Algo que está gerando a irritação dos bolsonaristas.
Já Eduardo Bolsonaro, numa clara provocação ao governador paulista, disse no Twitter que não é 95% contrário à reforma tributária proposta pelo governo federal, mas sim “100% contra”. Tarcísio havia dito que é “95%” a favor do texto.
Não importa o resultado da votação, Bolsonaro já perdeu o seu terceiro turno com Lula quando Tarcísio decidiu sair em uma foto ao lado de Fernando Haddad, ministro da Fazenda e principal articulador da reforma.
Bolsonaro, que embora seja politicamente inábil, sabe muito bem o que está em jogo: inelegível e com uma penca de processos nas esferas eleitoral, civil e criminal, pode acabar ficando inelegível até depois de 2030, podendo disputar o pleito de 2034 e olhe lá.
Até lá, ainda precisa ter alguma força para a sua família de políticos, que desde sempre vivem do orçamento público. Ou seja, precisa mostrar alguma força política para se manter relevante, não só por ele, mas pelo seu legado familiar.
Porém, se como líder da oposição não consegue impor qualquer dificuldade objetiva ao governo e tampouco agir em conjunto com um dos seus principais afilhados políticos, o que restará a ele?
Repetindo a velha máxima: não existe vácuo na política, e se alguém perceber isso, o inevitável fim de carreira do ex-presidente de extrema direita pode ser ainda mais melancólico, uma vez que Bolsonaro já possui a pecha de ser o único presidente que não conseguiu se reeleger no exercício do seu mandato e agora será o líder da oposição sem liderança alguma.
Definitivamente, Bolsonaro aguarda aflito o placar da votação da Reforma Tributária e, principalmente, quantos votos o PL dará. A depender da quantidade de votos, haverá sangue nas águas de Brasília.
A direita brasileira já entendeu que Bolsonaro foi um acidente eleitoral e que o que o elegeu não se repetirá tão cedo. Porém, ainda precisa do seu capital político. Se Bolsonaro se enfraquecer, ele será abandonado sem qualquer melindre por muitos daqueles que hoje se dizem bolsonaristas.
O terceiro turno do Bolsonaro não é só uma disputa de um ex-presidente frustrado contra Lula; é o fôlego que resta ao extremista combalido.