O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou sua insatisfação nesta terça-feira com as condições apresentadas pela União Europeia para um acordo econômico com o Mercosul, classificando-as como “inaceitáveis”. Durante a Cúpula do Mercosul, que está sendo realizada em Puerto Iguazú, na Argentina, Lula afirmou que não se pode permitir que um parceiro comercial imponha condições unilaterais.
Lula destacou que expressou suas críticas aos termos do acordo durante reuniões com o presidente francês Emmanuel Macron e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Ele ressaltou que os países ricos têm historicamente falhado em cumprir acordos internacionais, citando exemplos como o Protocolo de Kyoto, as decisões de Copenhague e do Rio 2002, além do Acordo de Paris.
Durante a quarta edição de sua transmissão ao vivo intitulada “Conversa com o Presidente”, Lula reforçou que o Mercosul está disposto a discutir o acordo, mas não aceitará um parceiro estratégico que tente impor sua vontade sobre a região. Ele enfatizou a importância de uma negociação justa e equilibrada entre os parceiros, visando ao benefício mútuo e ao desenvolvimento econômico de ambos os lados.
O presidente brasileiro informou que a Cúpula do Mercosul tem como objetivo preparar uma proposta de acordo para a União Europeia. Ele ressaltou a necessidade de os países latino-americanos e europeus chegarem a um consenso sobre os termos do acordo, levando em consideração os interesses de ambas as regiões.
O acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, negociado ao longo de mais de 20 anos, encontra-se paralisado devido às exigências do bloco europeu, que desagradaram as lideranças do Mercosul. Lula expressou sua determinação em destravar o processo e finalizar o acordo até o final do ano, porém, até o momento, os impasses não foram solucionados.
Um dos principais pontos de discordância é o tratamento dado às compras governamentais. Lula enfatizou a importância de proteger as empresas brasileiras, especialmente as de micro, pequeno e médio portes, alegando que ceder a empresas estrangeiras poderia prejudicar a economia local.
Além disso, Lula criticou a aprovação de leis na União Europeia que afetam países que não fazem parte do bloco. Ele argumentou que os países europeus não possuem autoridade moral para discutir a política de energia limpa do Brasil e destacou os esforços do país na proteção do meio ambiente. Lula revelou que terá encontros com cientistas na Colômbia e com representantes de países da pan-amazônia para discutir o financiamento e a preservação da floresta amazônica.