“Clima no PDT está azedo, odiento, passional”

Geraldo Magela/Agência Senado

O senador Cid Gomes destacou que o grupo dentro do PDT cearense que é contra uma aliança com o governo Elmano é minoritário.

Ele se referiu ao fraco desempenho eleitoral do partido, que ficou em terceiro lugar nas eleições para governador, vencidas por Elmano de Freitas (PT).

– São essas forças que querem refazer uma aliança com o PT, que é uma aliança de 20 anos no Ceará e que foi desfeita agora nessas eleições. Nem o resultado da eleição foi capaz de fazer que esse segmento mais radical do partido compreendesse o equívoco estratégico, o erro histórico que fizeram.

Cid Gomes declarou que o “clima no PDT está azedo, odiento e passional”, mas negou rumores de que estaria planejando deixar o partido.

Em meio a uma disputa com o irmão, o ex-ministro Ciro Gomes, sobre a influência do partido em seu estado, Cid Gomes expressou sua intenção de se manter fiel ao PDT. Enquanto Ciro apoia André Figueiredo para continuar como presidente do diretório, Cid almeja ocupar a posição. A discussão foi motivada pela proposta de formar uma coalizão com o PT, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto Cid apoia a ideia, Ciro é veementemente contra.

Ele negou qualquer conversa sobre sua filiação ao PSD ou ao Podemos, desejando permanecer leal ao PDT.

– Nunca manifestei a ninguém, nunca procurei ninguém. Disseram que eu tinha procurado o Kassab (presidente do PSD), depois disseram que eu ia para o Podemos, tudo para nos indispor, a mim e um grupo que eu estou instado a representar. Não tenho vaidade de ser presidente, não achem que isso para mim é um troféu.

Através de um gesto de respeito à fraternidade, Cid Gomes se manteve em silêncio durante as eleições de 2022 em relação ao desentendimento com Ciro.

– Tive um gesto de respeito à fraternidade, que eu não queria por fim com o Ciro. Em respeito a isso, me recolhi, achando que depois as coisas (iam melhorar), mas infelizmente não é o que houve, cada vez mais azedo, cada vez mais odiento, cada vez mais passional está o clima no PDT.

A Executiva Nacional do PDT decidiu, com 7 votos favoráveis e três abstenções, intervir no diretório do Ceará. Ciro votou a favor da decisão, levando a liderança do PDT em Brasília a assumir a administração do partido no estado até o final do mandato atual do diretório.

Atualmente, o partido está sob a gestão interina de André Figueiredo, um aliado próximo de Ciro e contra a aliança com o PT, apoiada por Cid. Figueiredo acumula as responsabilidades do comando nacional e estadual do partido.

Cid Gomes contestou que a cláusula aprovada pelo PDT permita uma intervenção no diretório estadual e afirmou que isso só seria possível em casos de “uma infração de gravidade extrema”. Ele pretende reunir o PDT cearense para ser eleito como o novo presidente na próxima sexta-feira.

– Tudo que eu digo é para esclarecer a verdade. Ou eu estou mentindo ou alguém está mentindo. A verdade não pode estar com dois.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.