O novo lira da massa

Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

No mês passado, Arthur Lira (PP-AL) era tido como inimigo número um da agenda positiva do governo, por políticos da base, militantes e observadores da política. O motivo de tantas cizânias? Poder!

Ao ver que não teria mais o poderoso orçamento secreto, ficou desesperado e empreendeu uma verdadeira escaramuça contra o governo federal, ameaçando até mesmo a estrutura governamental proposta pelo presidente ao vencer o pleito de 2022. E quando achou que estava com a faca e o queijo na mão, Lula se recusou a receber o presidente da Câmara dos Deputados, e o Planalto mobilizou articulações direto com os líderes partidários.

Lira tentou até mesmo decidir a articulação ministerial do executivo federal, ao atacar o Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para tentar emplacar um aliado no lugar.

Nada disso deu certo, e Lira saiu um pouco “ferido” do embate. Acontece que, no final do dia, quem tem a chave do cofre é o governo.

Agora, em mais uma demonstração de forma, Lira lidera uma verdadeira escaramuça para aprovar pautas importantes para o governo, como o novo marco fiscal (imprescindível para o lançamento do novo PAC) e a reforma tributária, para que sejam aprovadas ainda antes do recesso legislativo, que será após dia 14 de julho.

Mas o que estaria por trás dessa mobilização e verdadeiro cavalo-de-pau na postura de Lira com o governo? Lira vive, come e respira política 24 horas por dia.

Acontece que, como já dizia um velho ditado, “se pega mais moscas com mel do que com vinagre”.

Se a cruzada do presidente da Câmara terminar conforme ele planejou, fechará o primeiro semestre com chave de ouro, dando o recado de que ainda é indispensável ao Planalto e ao presidente.

Com a economia dando fortes sinais de melhora e com um horizonte positivo ao governo sendo desenhado por diversos indicadores, certamente o Planalto conseguirá angariar ainda mais aprovação popular. O que restará para Lira?

No Congresso, o menor sinal de fraqueza é suficiente para uma verdadeira devassada ou guerra por poder. Numa Câmara ainda mais fragmentada e sedenta por orçamentos, isso é ainda pior, por isso ele não pode titubear. Principalmente com eleições municipais previstas para o próximo ano.

O engajamento de Lira é visto com muita desconfiança na base do próprio governo, já que, na palavra de algumas pessoas próximas da base, “Lira e simpatia são duas palavras excludentes”. Há quem também afirme que Lula conseguiu acertar a negociação com Lira. Pouco se sabe e muito se especula.

A única certeza é que Lira não é afeito a caridades.

Cleber Lourenço: Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_
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