A Justiça do Uruguai determinou nesta sexta-feira (30) 21 anos de prisão ao militar reformado Eduardo Ferro por crimes durante a ditadura cívico-militar no país.
Ferro, de 76 anos, estava em prisão preventiva desde 2021 pelo desaparecimento “forçado” do militante comunista Óscar Tassino em meio a ditadura uruguaia, entre 1973 e 1985. O militar foi condenado por ser “coautor penalmente responsável” pelo crime, pelo qual foi detido em 19 de julho de 1977 em Montevidéu.
“A soma razoável de provas coletadas permite concluir que a vítima foi detida, entre outros, por Ferro e levada ao centro clandestino de detenção ‘La Tablada’, onde foi torturada até a morte – entre outros, pelo acusado Ferro”, argumentou a juíza do caso, Silvia Urioste. A sentença data 23 de junho deste ano.
A Agência AFP teve acesso ao documento de condenação de Ferro, que explicita detalhes da condenação.
“Ferro, na condição de agente do Estado, colaborou na privação de liberdade da vítima e na recusa em fornecer informações sobre sua situação e paradeiro aos familiares, a ponto de Óscar Tassino permanecer desaparecido até hoje”, alega o texto.
O coronel reformado do Exército do Uruguai foi preso em 2021 após ser extraditado da Espanha, onde estava foragido desde 2017. Em junho do ano passado o Estado uruguaio reconheceu publicamente a responsabilidade em cinco casos de atuações ilegítimas durante a ditadura, incluindo o caso de Tassino – a decisão do governo do país cumpre uma sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Durante o evento em 2022, Karina Tassino, filha do militante, exigiu que as autoridades realizassem “ações contundentes” para trazer à tona a verdade sobre os paradeiros dos detidos desaparecidos.
Óscar Tassino tinha 40 anos, esposa e três filhos quando foi sequestrado. Era líder sindical e militante do Partido Comunista do Uruguai, além de trabalhar para uma empresa estatal de energia elétrica do país.
Hoje, já se somam 197 pessoas desaparecidas em ações do Estado do Uruguai durante a ditadura cívico-militar.
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