Hoje existem duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) que incomodam o governo, embora ambas estejam anos-luz de distância da popularidade que a CPI da pandemia. As duas comissões possuem suas próprias particularidades para causarem desconforto no Palácio do Planalto.
Na CPI sobre o 8 de janeiro, o governo sabe que, em algum momento, as investigações irão atingir os militares. O que eles querem evitar é o tamanho desse dano. O motivo? Como eu já afirmei algumas vezes aqui, não é de hoje que Lula acredita que pode conquistar os militares através da conciliação, um erro no passado e um erro no presente.
Ou seja, não há uma intenção real de colocar os militares sob um controle ainda mais rígido do poder civil. A avaliação atual do governo é de que eles estariam conseguindo “pacificar” as coisas com os agressores costumeiros da democracia brasileira. Por isso, a estratégia é colocar todo e qualquer “problema” com os militares na CPI nas costas de Jair Bolsonaro, que passou os últimos anos sendo a ferramenta e o “avatar” dos interesses do oficialato brasileiro para evitar qualquer apuração mais profunda sobre o envolvimento direto de boa parte do alto-comando das forças armadas nos distúrbios que agitaram o país nos últimos 10 anos.
Já no caso da CPI do MST, a abordagem que o governo quer ter com o agronegócio é exatamente a mesma dos militares. A história é basicamente a mesma e a estratégia também. Por isso, eles buscam cautela com o contra-ataque nesta CPI. Afinal de contas, há quem afirme que alguns dos que financiaram as caravanas golpistas para Brasília em janeiro, esta semana estavam aplaudindo o lançamento do novo plano Safra.
Enfim, aparentemente o Executivo entendeu que está entre a cruz e a espada e, para resolver isso, irá investir no mesmo pacote de ações erradas e equívocos que já se mostraram ineficazes.
Cabe à democracia brasileira se manter de prontidão para quando esses setores se cansarem de mais um ciclo de governo progressista.
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