O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que é motivo de “orgulho” ser chamado de “comunista” pela oposição. A declaração foi feita no discurso de abertura do 26º Encontro do Foro de São Paulo, em Brasília, nesta quinta-feira (29).
O petista ressalta a visão negativa que alguns opositores moldam da esquerda em poder nos países latinos, mas a tentativa de ofendê-lo com o termo é em vão. Lula ainda disse que, na verdade, se sentiria ofendido caso fosse acusado de ser nazista, neofascista ou terrorista.
O Foro e a esquerda
O Foro de São Paulo é um evento criado em 1990 que reúne lideranças e representantes de esquerda da América Latina para discussões e decisões políticas e sociais que envolvem todas as regiões. O encontro é muito criticado por opositores de direita, principalmente por notícias mentirosas a respeito do projeto.
No primeiro dia do evento, Lula disse que a América Latina, com foco na América do Sul, viveu o melhor momento entre 2002 e 2010, quando os políticos alinhados às posições de esquerda estavam no poder.
“Foi a vitória na Argentina, no Chile, no Brasil, na Venezuela, no Equador. Foi a vitória, inclusive, de pessoas mais progressistas nos outros países que estiveram do nosso lado. Além da vitória do nosso companheiro [Hugo] Chávez na Venezuela. Nós vivemos um período de muita expansão, de conquista social e de participação política no nosso continente”, citou o presidente.
Lula acredita que não há nenhum outro momento histórico para os países sul americanos com “tantas conquistas e tantas políticas de inclusão social” neste período, até 2015, quando Dilma sofreu impeachment.
O presidente, apesar de reconhecer as “perdas” para os países nos últimos anos, sugere uma autocrítica e reflexão da esquerda na América Latina a respeito dos erros cometidos. Para ele, é preciso haver uma integração entre a esquerda dos Estados latinos, alegando que aliados não deveriam ter tempo para “brigar por coisas menores”.
“Eu sei o quanto nós perdemos no nosso continente. Eu sei o quanto foi triste, sabe, a Argentina ter um presidente de direita há pouco tempo atrás. Eu sei o quanto foi triste a saída do Rafael Correa [ex-presidente do Equador]. Eu sei o quanto foi triste a direita chilena. Eu sei o quanto foi triste o golpe na Bolívia. Eu sei o quanto foi triste ter a companheira Dilma Rousseff impichada aqui nesse país”, diz.
O petista comparou a esquerda e a direita mundialmente e, diante disso, afirmou que os âmbitos conservadores têm mais facilidade em encontrar apoio, mesmo com um “discurso fascista”.
Lula afirma que não é hora de se lamentar, mas, sim, tirar as lições do que já aconteceu para que não se repita no futuro.
“A gente não pode ficar a vida inteira criticando os outros. De vez em quanto, nós temos que olhar para dentro de nós e saber o que nós fizemos de errado, porque aconteceu aquilo. Por que que aconteceu o impeachment da Dilma? Foi só erro da extrema-direita ou nós temos erros enquanto partido político? De vez em quando, nós temos que pensar. Temos que meditar para conseguirmos evitar que novos erros atropelem a caminhada pela conquista da qualidade de vida do nosso povo”, conclui Lula.