RFI – Um dos membros do movimento neonazista acusados de planejar ataques terroristas no território francês afirmou nesta terça-feira (27) durante seu julgamento em Paris que um de seus alvos era o ex-candidato à presidência e chefe do partido da esquerda radical França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon.
A ideia era “matá-lo a tiros no meio de um evento de campanha para que isso fizesse muito barulho e fosse noticiado nos jornais”, disse durante seu interrogatório Evandre Aubert, que está sendo julgado com outras três pessoas.
Os quatro homens, com idades entre 22 e 28 anos, estão sendo julgados há uma semana na França sob a acusação de conspiração, com o objetivo de cometer terrorismo. Esse é o primeiro julgamento de um caso de terrorismo da extrema direita perante um júri popular em um tribunal na França.
De acordo com as informações fornecidas desde o início da audiência, o grupo queria atacar “eventos de campanha de Jean-Luc Mélenchon”, embora não esteja claro se eles queriam atacar o político ou a multidão que participava da reunião. Mélenchon entrou com uma ação civil no início do julgamento.
Atirador no porta-malas
De acordo com Evandre Aubert, estudante de 28 anos, foi outro réu, Alexandre Gilet, quem mencionou esse plano para atacar Jean-Luc Mélenchon, durante um fim de semana de treinamento de tiro do grupo neonazista em uma floresta perto de Tours (centro), em julho de 2018.
Alexandre Gilet mencionou na ocasião um atirador “no porta-malas do carro entreaberto, com um rifle de precisão”, disse Aubert. “Isso me impressionou, porque era um nível de precisão operacional que eu não tinha visto antes. Foi um dos elementos que me fez dizer que havia um nível de periculosidade em Gilet que eu talvez tivesse subestimado”, acrescentou o acusado.
Nas trocas de mensagens online, no aplicativo Discord, Alexandre Gilet, que na época atuava como aprendiz policial, também teria evocado a possibilidade de “fazer algo” sobre um show planejado no Bataclan, que acabou sendo cancelado, do rapper francês Médine, confirmou Aubert. O artista é regularmente acusado pela direita e pela extrema direita de complacência com o islamismo.
A Liga Internacional Contra o Racismo e o Antissemitismo (Licra) e o Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (CRIF) também foram citados “repetidamente” como organizações que deveriam ser alvo [de possíveis ataques terroristas], acrescentou. Alexandre Gilet, apresentado como o líder do grupo, será interrogado nesta quarta-feira (28). O veredito é esperado para sexta-feira (30).