Depois de semanas de uma novela interminável envolvendo a segurança presidencial, finalmente (e infelizmente), essa questão chegou ao seu derradeiro desfecho, e ele não poderia ser pior.
O Gabinete de Segurança Presidencial (GSI) voltará a comandar a segurança presidencial em um modelo híbrido com a Polícia Federal, ou seja, submetendo civis ao controle de militares, algo incompatível com a democracia.
Com isso, a Secretaria Extraordinária de Segurança Presidencial (Sesp), que foi criada por decreto com previsão para acabar na próxima sexta-feira (30), realmente acabará no final desta semana de forma extremamente melancólica.
E infelizmente, presidente reafirma seu histórico de erros com os militares, que o acompanha desde o primeiro mandato e segue até os dias atuais, já que a justificativa de que o GSI já era o órgão responsável pela segurança presidencial não se justifica.
Foi durante a existência do GSI que presidentes foram grampeados, espionados, tiveram drogas escondidas em suas comitivas, foram vítimas de golpe e de todo tipo de sortilégio. Se o GSI fosse uma empresa de segurança privada, certamente eu não contratariam, pelo bem da minha família.
Além disso, temos outro problema grave: os motivos que levaram Lula a escolher por esse vexaminoso caminho são extremamente pueris, já que, na segunda-feira (26), uma nota na imprensa alegava que, caso Lula escolhesse os militares, os agentes da PF iriam iniciar paralisações contra o tema.
Algo que, segundo fontes da própria Sesp, não partiu de ninguém de lá de dentro e levantou as suspeitas de seus servidores de que alguém estaria tentando “sabotar” a continuidade da secretaria.
Fontes no Planalto afirmaram que Lula ficou extremamente irritado com a ameaça, algo que fez com que a cúpula da Sesp precisasse dispensar longas horas para explicar a situação ao presidente e deixar claro que não tinham relação com a nota.
Aparentemente, Lula seguiu irritado com a ameaça, algo, no mínimo, estranho, já que semanalmente Lula é ameaçado por militares e não fica indignado com a mesma intensidade com que ficou diante da suposta ameaça de agentes da PF.
Estamos há 6 meses lendo, semanalmente, notícias do envolvimento de militares em tramas golpistas e todo tipo de delinquência, de Mauro Cid até Gonçalves Dias, nenhum militar próximo da administração se salvou.
Hoje mesmo tivemos a notícia de um tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) pedindo a morte do presidente Lula, militar que, por ser piloto, poderia ser escalado para pilotar o avião presidencial a qualquer momento.
O clima na Sesp é de total incerteza e decepção entre os servidores, já que até ontem eles seguiam sendo acionados para eventos nos dias 1, 2 e 3 de julho, após a data de sua extinção, algo que dava certa esperança aos servidores. E embora a orientação seja para que sigam fazendo seu trabalho normalmente, sobram dúvidas sobre o que farão após o dia 30 e se devem ou não enviar servidores para os eventos.
Tampouco se sabe o que será feito com os servidores da pasta, se serão incorporados ao GSI, se haverá uma nova área destinada para eles, se serão todos demitidos e tampouco como será depois do dia 30. Outra frustração é sobre como a situação foi tratada, já que todos sabiam do prazo de validade da SESP e mesmo assim o Palácio do Planalto optou por esperar até o ultimo segundo para fazer algo, na visão de alguns servidores, isso demonstra uma certa falta de respeito e até mesmo desdém com eles.
Lula consegue ser o líder firme e forte ao discursar, apontando o erro das grandes potências mundiais, mas não consegue ter a mesma firmeza dentro de casa quando o assunto envolve militares.
Porém, isso não é de hoje, como falei no começo do artigo, Lula tem um compromisso irrevogável com o erro nesse tema.