A guerra às drogas no Brasil tem se tornado um álibi para a polícia brasileira matar e encarcerar a população jovem e negra, resultando em enormes prejuízos financeiros e causando dor e sofrimento para uma grande parcela da sociedade.
De acordo com Julita Lemgruber, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), os gastos anuais apenas nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo para implementar a lei de drogas chegam a R$ 5,2 bilhões, somente nesses dois estados.
Durante um seminário promovido pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, em Brasília, para discutir a regulação da Cannabis (maconha), Julita ressaltou que se esses cálculos forem estendidos para todo o país, o Brasil destina cerca de R$ 15 bilhões do seu orçamento para implementar a lei de drogas.
Esses números foram apresentados na pesquisa intitulada “Um Tiro no Pé: Impactos da proibição das drogas no orçamento do sistema de justiça criminal do Rio de Janeiro e São Paulo”.
Segundo a especialista, a guerra às drogas é usada como uma desculpa perfeita para a polícia exercer seu poder de causar mortes e encarcerar a população jovem e negra no país, e ela classifica a implementação da lei de drogas como um verdadeiro genocídio da população negra.
Julita ressaltou o impacto emocional das mortes causadas pela polícia e da quantidade de pessoas que são enviadas para a prisão. Ela apontou que o Brasil é atualmente o terceiro maior encarcerador do mundo e que a polícia no Rio de Janeiro mata, em média, cinco pessoas negras por dia. Nos últimos anos, mais de mil jovens negros que viviam em favelas foram mortos pela polícia em nome da guerra às drogas.
Além dos danos à saúde pública, Julita destacou que o impacto da guerra às drogas nas comunidades de favelas do Rio de Janeiro vai além, afetando também o desempenho das crianças nas escolas. Ela enfatizou a necessidade de mobilização em relação a essa questão, sugerindo que também deve ser vista como uma questão relacionada ao orçamento público.
A discussão sobre a regulação da Cannabis tem trazido à tona debates mais amplos sobre a política de drogas no Brasil e os efeitos prejudiciais da abordagem atual, especialmente para as comunidades marginalizadas.
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