O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta terça-feira (27) o Plano Safra 2023/2024, com recorde de recursos. Visto como uma tentativa de aproximação com o agronegócio, o petista foi criticado por alguns políticos do setor.
Os ruralistas e Lula não possuem uma boa relação há anos. A maior parte do âmbito, além de apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, não vê a gestão atual com bons olhos, contrariando medidas e mandando recados ao Palácio do Planalto, relembra o jornal Carta Capital.
Como uma forma de diminuir a resistência do agro, o governo divulgou o novo plano com um volume recorde de recursos. Mais de R$ 360 bilhões serão destinados a atividades agrícolas de médios e grandes produtores. De acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, esse valor é 27% a mais do que os recursos do financiamento do ano passado.
Para os interlocutores do governo, a medida reforça o desejo de diálogo com o setor e o oferecimento das condições de crescimento dos produtores. O Plano Safra, segundo eles, pode dar início à relação com os ruralistas.
No entanto, ainda há ressalvas sobre o aceno de Lula. De acordo com o deputado federal Evair de Melo (PP-ES), integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária, isso não é o suficiente.
“O agro não é está à venda, não é o dinheiro que irá consertar as feridas abertas com as ofensas feitas pelo presidente”, disse. “O governo tem uma ferida aberta com o agro que precisará de muita braçada, muita pernada para poder obter [confiança].”
O parlamentar acredita que os recursos disponibilizados não são determinantes para reduzir as resistências dos ruralistas. Ele afirmou, ainda, que o Plano Safra é “obrigação de quem senta naquela cadeira para olhar para o Brasil”. Melo diz que o governo perdeu uma oportunidade de corrigir as “ofensas” que já fez ao setor, chamando-o de “fascista” e “golpista”.
O Plano
Durante o evento, além do lançamento do valor mais alto destinado até hoje ao agro com o plano, Lula dialogou com empresários e representantes do setor. Ele disse ser um “engano” achar que ele tem diferenças ideológicas com o agronegócio em relação ao financiamento da atividade.
O Plano Safra deste ano definiu as taxas de juros para custeio e comercialização em 8% para os produtores que fazem parte do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural. Para os outros, as taxas são de 12% ao ano.
Em relação aos investimentos, os juros variam entre 7% e 12,5% ao ano.
O presidente ainda incluiu uma redução extra para produtores com práticas sustentáveis. 0,5 ponto percentual será cortado para os produtores analisados no Cadastro Ambiental Rural.