O ex-presidente americano não entregou documentos do governo dos EUA, pois estava ‘muito ocupado’, disse em entrevista.
A CNN teve acesso a uma conversa em que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revela um documento “secreto e altamente confidencial” a assessores em 2021.
Na gravação com cerca de dois minutos, o político diz que “esses são os papéis”, fazendo referência a um documento militar sobre um possível ataque ao Irã e sobre o chefe de gabinete militar conjunto dos EUA, Mark Milley.
“Isto foi feito pelos militares e entregue a mim”, confirma Trump. “Eles me apresentaram isso, é extraoficial”, diz ele, enquanto mostra o documento e descreve as informações.
A gravação foi ao ar pela primeira vez no programa Anderson Cooper 360, da CNN.
Em dado momento, Trump afirma que “tem uma grande pilha de papéis”, assumidamente confidenciais. Ele ainda revela que, enquanto presidente, poderia ter desclassificado o documento. “Agora eu não posso, você sabe, mas isso ainda é um segredo. Isso não é interessante? É tão legal. Quero dizer, é tão — olha, ela e eu, e você provavelmente quase não acreditou em mim, mas agora você acredita em mim”, diz.
O ex-presidente ainda brinca com seus assessores sobre os e-mails de Hillary Clinton, que diz que o documento era “informação secreta”. “Hillary imprimia isso o tempo todo, você sabe. Os e-mails privados dela”, respondeu uma das funcionárias.
Acusações contra Trump
O áudio inclui detalhes de uma conversa que apresenta evidências para a acusação liderada pelo promotor especial Jack Smith contra Donald Trump. A investigação do ex-presidente americano é sobre documentos governamentais encontrados em sua casa da Flórida durante uma operação do FBI em 2022 e do suposto envolvimento na invasão do Capitólio.
Trump enfrenta dezenas de acusações por manuseio negligente de documentos sigilosos do governo americano. De acordo com a CNN, a gravação em questão é de uma entrevista que ele concedeu em julho de 2021 em seu resort em Bedminster para as pessoas que trabalhavam nas memórias de Mark Meadows, ex-chefe de gabinete de Trump. A ação contra o político alega que os presentes na entrevista – um escritor, editor e dois membros da equipe do ex-presidente – viram informações confidenciais sobre o plano de ataque ao Irã.
O político tornou-se alvo de 37 acusações quando levou consigo caixas de documentos ao deixar a Casa Branca no final do seu mandato. Segundo Trump, as montanhas de documentos empacotados “tinham todo tipo de itens pessoais”, como roupas, por isso ele tinha “todo o direito” de ter as caixas. Quando questionado sobre o motivo de não ter entregue os documentos quando os funcionários do governo americano pediram, ele disse que “estava muito ocupado”.
“Porque eu tinha caixas. Quero examiná-las e tirar todas as coisas pessoais. Não quero entregá-las ainda”, defendeu o ex-presidente em entrevista ao canal conservador Fox News, na última segunda-feira (19).
Trump afirmou ainda que não mostrou um documento no áudio divulgado pela CNN. “Tinha cópias de artigos jornalísticos, de revistas. Era uma quantidade enorme de papéis e outras coisas que falavam sobre o Irã e outros assuntos”, disse.