Militar alega “coincidências” entre mensagens com Cid e atos terroristas do 8/1

Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Os parlamentares integrantes da comissão se revoltaram com as argumentações do militar.

O coronel do Exército Jean Lawand Júnior, um dos investigados da CPMI do 8 de Janeiro afirmou nesta terça-feira (27) que os atos terroristas em Brasília não tinham relação com o plano de golpe discutido em mensagens com Mauro Cid, ex-braço direito de Jair Bolsonaro (PL).

“Hoje venho aqui para responder às perguntas dos senhores a respeito das mensagens trocadas com o tenente-coronel Mauro Cid. Mas afirmo aos senhores que em nenhum momento falei sobre golpe. Em nenhum momento atentei contra a democracia brasileira. Em nenhum momento quis quebrar, destituir, agredir qualquer uma das instituições. Isso não faz parte do que aprendi na minha carreira”, declarou o depoente.

Em depoimento à comissão, o militar alegou que foi mera “coincidência” a invasão da sede dos Três Poderes em Brasília e os diálogos encontrados entre ele e o ajudante de ordens do ex-presidente. No plano de golpe estruturado por Cid, a participação popular era um dos elementos citados no passo a passo na ação contra a posse de Lula.

Após a ordem não ser dada por Bolsonaro, Lawand ainda chegou a afirmar que “teria que ser pelo povo”.

A reação dos parlamentares frente às falas do coronel foi de revolta. A relatora da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), alegou que a afirmação do depoente infantiliza os integrantes da comissão. O deputado Rafael Brito (MDB-AL) disse também que o argumento de Lawand “esgarçar a inteligência” dos políticos.

O coronel não negou a troca de mensagens com Cid, porém informou que, diferente do que parece, não pediu um golpe de Estado ou incentivou a desobediência dos militares. Ele disse que o teor da conversa eram apenas “lamentos pessoais”. As mensagens no celular apreendido de Mauro Cid pela PF indicam o contrário.

Lawand citou e repetiu uma entrevista do general Hamilton Mourão, então senador, que afirmou que o coronel não seria “ninguém na fila do pão” para arquitetar um golpe. Nenhum argumento do militar foi bem recebido pelos governistas integrantes da comissão, confirma a Carta Capital.

“Vai precisar melhorar um pouco seus argumentos para se defender melhor das acusações. Está muito claro que o senhor era partícipe de toda essa tramoia que dada a falta de confiança de Bolsonaro no Alto Comando não teve como ser colocada em vigor”, disse Brito.

Letícia Souza:
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