Arthur Maia e Eliziane Gama afirmaram que não irão aceitar que “atrapalhem o trabalho da comissão”
O presidente da CPMI do 8 de janeiro, deputado federal Arthur Maia (União-BA), enviou nesta segunda-feira (26) ao Conselho Regional de Medicina o laudo médico apresentado por um dos depoentes da comissão para se ausentar da sessão.
O coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, está preso desde fevereiro, em detrimento dos atos golpistas no mês anterior. O militar é investigado por suposta omissão nos ataques terroristas às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Nesta segunda, ele seria ouvido pela comissão, porém apresentou um laudo médico para faltar a sessão, alegando um “quadro depressivo e ansiedade”. A junta médica do Senado o considerou apto a comparecer à sessão, e, antes mesmo do resultado do exame, decidiu que iria depor.
O presidente da CPMI afirmou que encaminhou os dois atestados de Jorge Naime ao Conselho de Medicina, para que questionem o médico do militar sobre o porquê dos laudos apresentarem diagnósticos “diametralmente opostos”.
“Esta CPI não vai aceitar de maneira nenhuma – não estou dizendo que é o caso – laudos médicos graciosos com o propósito de dificultar os nossos trabalhos”, disse Maia.
A relatora da Comissão, Eliziane Gama (PSD-MA), informou que o questionamento dos atestados é uma medida para inibir tentativas de “embaraçar o transcorrer dos trabalhos”.
“A Comissão não vai permitir que ações dessa natureza, de tentar burlar e impedir os trabalhos desta Comissão, possam se repetir”, explicou.
O depoimento
Naime afirmou em depoimento que a Polícia Militar “falhou” ao conter os manifestantes de extrema direita no episódio golpista. Segundo o coronel, ele estava de férias no dia da invasão, mas a assessoria do Governo do DF e o coronel Klepter Rosa o acionaram para ir à Esplanada às 16h do dia 8 de janeiro.
“Eu já estou preso há cinco meses sem que eu realmente saiba por que estou preso”, disse Naime, investigado por omissão. “A situação do dia 8, ela começa a se resolver e os prédios públicos começam a ser desocupados exatamente quando eu chego e começo a comandar as tropas da PM”.
O militar disse ainda que o seu setor não estava incluído em um grupo do aplicativo de mensagens WhatsApp que recebia alertas de inteligência atualizados sobre as mobilizações. Segundo ele, as autoridades da segurança pública faziam parte do grupo e poderiam ser os responsáveis por não passar informações.