O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) registrou um aumento de 4,1 pontos no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em junho, atingindo o patamar mais elevado desde fevereiro de 2019, com 92,3 pontos.
Em termos de médias móveis trimestrais, o índice continua em ascensão pelo terceiro mês consecutivo, subindo 1,8 ponto e alcançando 89,1 pontos.
“Após acomodar no mês passado, a alta da confiança dos consumidores foi motivada pela melhora das expectativas para os próximos meses, desenho que aconteceu também de forma disseminada entre as faixas de renda, com exceção às famílias de maior poder aquisitivo cuja perspectivas futuras pioraram. O resultado pode estar associado à sensação de alívio da inflação no curto prazo, resiliência do mercado de trabalho e aumento do salário mínimo. Em paralelo porém, o cenário de alto endividamento das famílias, crédito caro e incertezas econômicas ajudam a manter o indicador em patamar baixo e sensível a flutuações constantes, tornando difícil uma sinalização mais clara de uma recuperação sustentada da confiança”, afirma Anna Carolina Gouveia, Economista do FGV IBRE.
No mês de maio, o aumento da confiança foi impulsionado pela melhora das expectativas para os próximos meses. O Índice de Expectativas (IE) registrou um avanço de 2,8 pontos, alcançando 100,4 pontos, o melhor resultado desde março de 2019 (101,1 pontos).
Por outro lado, o Índice de Situação Atual (ISA) teve uma leve queda de 0,8 ponto, atingindo 71,3 pontos, após um crescimento de mais de 2,0 pontos em março e estabilização em abril.
Dentre os componentes do ICC, foi o indicador que avalia as perspectivas sobre as finanças familiares nos próximos meses que mais contribuiu para a melhora do índice. Esse indicador registrou um aumento de 5,2 pontos, atingindo 105,3 pontos, o melhor resultado desde janeiro de 2019 (108,7 pontos). Da mesma forma, o indicador que mede o grau de otimismo em relação à situação econômica geral teve um avanço de 3,7 pontos, alcançando 116,1 pontos, após dois meses de relativa estabilidade. Em relação à intenção de compra de bens duráveis, houve uma queda de 0,6 ponto, chegando a 79,9 pontos.
A queda do ISA-C (Índice de Situação Atual do Consumidor) foi influenciada pelo recuo de 2,1 pontos no indicador que avalia as percepções sobre as finanças familiares no momento, chegando a 61,5 pontos.
Apesar da variação, o indicador de satisfação em relação à situação econômica local do consumidor registrou um aumento de 0,6 ponto, atingindo 81,7 pontos. Apesar da variação modesta, esse indicador acumula quatro altas consecutivas, com um acréscimo de 3,4 pontos desde fevereiro deste ano, sendo o maior nível desde outubro de 2022 (83,1 pontos).
Em maio, a confiança aumentou em três das quatro faixas de renda, impulsionada principalmente pela melhora das expectativas para os próximos meses. Apenas os consumidores de maior poder aquisitivo, com renda acima de R$ 9.600,01, registraram uma queda na confiança devido às perspectivas desfavoráveis nos dois horizontes de tempo.
Após uma queda de 7,9 pontos em abril, os consumidores com renda familiar abaixo de R$ 2.100,00 recuperaram parte da confiança, com um aumento de 6,1 pontos em maio. Essa melhora foi influenciada principalmente pela expectativa de melhores finanças familiares e uma situação econômica local favorável nos próximos meses. Apenas os consumidores com renda familiar entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00 demonstraram uma avaliação positiva da situação atual.