Policiais Militares são condenados a 275 anos de prisão pela Chacina de 11 pessoas no Ceará

Depois de cinco dias de julgamento, os quatro policiais militares acusados de participarem da Chacina do Curió, que resultou em 11 mortes, em novembro de 2015, foram condenados à 275 anos de prisão cada. A sentença deve ser cumprida a partir de hoje (25), e os condenados poderão entrar com recurso. 

Nesta primeira fase, foram julgados: Marcus Vinícius Souza da Costa, Antônio José de Abreu Vidal Filho, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio. Todos condenados à 275 anos e 11 meses de prisão por 11 homicídios, 3 tentativas de homicídios e 4 crimes de tortura física e mental.

Um dos réus, Antônio José de Abreu, está morando nos EUA desde 2019 e foi interrogado por vídeo chamada. Nesse caso, a Justiça irá comunicar a sentença à Polícia Federal para que, através da Difusão Vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), o condenado possa ser preso onde estiver e extraditado para o Brasil.

O julgamento ocorre desde a terça-feira (20) no Fórum Clovis Beviláqua, em Fortaleza. As penas, que somadas dão um total de 1.103 anos e oito meses, foram determinadas pelo Colegiado de juízes após o júri tomar a decisão final na madrugada deste domingo (25). Com a sentença, os quatro réus perderam o cargo na polícia militar e tiveram o direito de responder em liberdade negado. 

O primeiro júri apresentou uma série de julgamentos que conta, ao todo, com 30 réus. Outras duas sessões ainda devem acontecer neste ano, uma em 29 de agosto e a outra em 12 de setembro. Em cada júri serão julgados mais 8 réus. Segundo a Justiça do Ceará, novos júris serão marcados para os outros acusados quando se tornarem aptos a irem a julgamento. 

A mãe de umas das vítimas da chacina, Edna Carla Souza Cavalcante, disse que a vitória do julgamento não é exclusivamente do movimento Mães do Curió. “Essa vitória é da nossa periferia, é do nosso povo periférico, é dos nossos jovens. É libertar os jovens das mortes, é libertar esses jovens das mortes.” 

Edna ainda lembra que a luta não terminou, pois nem todos os policiais acusados foram julgados. “Ainda não está tudo resolvido porque tem os outros (policiais) né? Mas sim é uma alegria. É uma alegria sim porque a gente não quer o mal da polícia. A gente quer apenas a condenação de quem praticou um crime bárbaro com onze pessoas e deixou sete feridos.”, disse. 

Relembre o caso: 

Entre a noite do dia 11 e a madrugada do dia 12 de novembro de 2015, na cidade de Grande Messejana, policiais militares assassinaram ao todo, 11 pessoas. De acordo com o Ministério Público do Ceará, os crimes foram motivados por retaliação pela morte do soldado Valtemberg Chaves Serpa, morto horas antes ao proteger a mulher em uma tentativa de assalto, no bairro Lagoa Redonda. Além dos mortos, que tinham entre 16 à 40 anos, outras setes pessoas ficaram feridas. 

Lívia Mendes: Estudante de Jornalismo na UFF.
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