No intuito de estabelecer uma relação mais próxima com os ruralistas, com quem o presidente Lula teve atritos durante a campanha eleitoral, o governo brasileiro prepara o lançamento do Plano Safra 2023/2024, que contará com um volume recorde de recursos. Essa estratégia, elaborada pelo Palácio do Planalto, visa reduzir as resistências dos setores ligados à agricultura, que majoritariamente apoiaram Jair Bolsonaro nas eleições.
O Plano Safra, conhecido por financiar as atividades agrícolas do país, é considerado uma ferramenta importante para melhorar a relação do governo com um setor que tem impulsionado o crescimento econômico nos primeiros meses deste ano. Nas últimas semanas, houve reuniões para definir as principais variáveis do plano, incluindo o montante total de recursos disponíveis, os valores destinados às linhas subsidiadas e as taxas de juros.
De acordo com fontes envolvidas nas negociações, estima-se que o valor total do Plano Safra fique entre R$ 420 bilhões e R$ 430 bilhões. Essa cifra, embora represente um aumento significativo em relação ao plano anterior, lançado por Bolsonaro para a safra 2022/2023, não atinge a expectativa dos ruralistas, que esperavam alcançar uma carteira total de R$ 470 bilhões em financiamentos.
Para estabelecer um diálogo mais favorável com o setor empresarial do agronegócio, que tem sido crítico ao governo de Lula, o programa incluirá facilidades de acesso aos recursos. Estima-se que a linha de custeio voltada para esse segmento empresarial seja de aproximadamente R$ 100 bilhões, superando os cerca de R$ 75 bilhões destinados a esse fim no plano anterior.
Além disso, o governo pretende reservar recursos para incentivar práticas de consumo sustentáveis, de acordo com as diretrizes do Ministério do Meio Ambiente. Essa abordagem ambiental tem sido chamada de “componente de indução ambiental” pelos técnicos envolvidos nas discussões, evidenciando a intenção de Lula em destacar a preservação e a sustentabilidade como marcas de seu governo durante seu terceiro mandato.
O anúncio oficial do Plano Safra está previsto para ocorrer em dois dias consecutivos: terça-feira (27) e quarta-feira (28). No primeiro dia, serão abordados os recursos relacionados ao Ministério da Agricultura e Pecuária, enquanto a parte do Ministério do Desenvolvimento Agrário ficará para o segundo dia.
O cronograma foi discutido entre Lula e os ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil) nos últimos dias. Técnicos estão trabalhando nos detalhes finais do programa para determinar os custos totais de cada segmento e linhas a serem disponibilizados.