Na tarde desta sexta-feira, 23, a assessoria de comunicação do Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará divulgou à imprensa uma nota de repúdio às declarações do ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT).
Na entrevista que concedeu ao podcast “Ponto Poder”, do Diário do Nordeste, o pedetista fez acusações gravíssimas contra o senador e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT), seu agora ex-aliado.
“O PT do Ceará repudia as declarações levianas e revanchistas de Ciro Gomes sobre Camilo Santana, ao tempo em que reitera seu reconhecimento à integridade, ao espírito público e ao extraordinário desempenho de Camilo à frente do Governo do Estado e mais recentemente como Ministro da Educação do presidente Lula”, diz o partido em nota.
Durante a entrevista, Ciro declarou que sua decepção com a política cearense “é muito mais grave e profunda” do que a desilusão que sentiu com a polarização das eleições nacionais de 2022. Declarou categoricamente que perdeu o interesse em participar da política em seu estado natal.
Cid Gomes, seu irmão, não foi excluído das críticas, com Ciro insinuando uma traição ao referir-se a uma “facada nas costas” que ainda o atormenta.
A palavra “traição” foi recorrente durante a entrevista, sempre associada a seu irmão, Cid Gomes, e ao senador Camilo Santana.
Os ataques mais agudos foram direcionados a Camilo Santana. Ciro o retratou como uma pessoa “que não tem nenhum escrúpulo” e sugeriu que o senador havia se tornado “descuidado com as questões morais”. Ciro parece ameaçar o senador: “isso é muito grave e eu tenho documentos. Gostaria muito que não fosse assim, mas é assim que vai ser”.
Ele mencionou um “escândalo pessoal, imenso” envolvendo Camilo Santana, que o deputado federal Eunício Oliveira (MDB) desejaria expor, mas que ele, Ciro, havia conseguido abafar.
Embora elogiando Elmano de Freitas em termos pessoais, referindo-se a ele como uma “boa pessoa”, Ciro não hesitou em criticar sua administração. Afirmou que o estado está “loteado” e que Camilo Santana controla “todos os cargos” para fins políticos.
Janaína Farias, a segunda suplente de Camilo Santana, também se tornou alvo de Ciro Gomes. Ele fez insinuações enigmáticas contra ela:
“Se a família cearense soubesse que serviço a Janaína prestou pro Camilo Santana, faria corar um frade de pedra, lá do Itapajé”.
Izolda Cela, secretária executiva do Ministério da Educação e aliada de longa data dos Ferreira Gomes, também foi alvo de duras críticas.
Segundo Ciro, caso ele desejasse uma governadora submissa, Izolda Cela seria a candidata ideal, em função de uma dívida de gratidão que tanto Izolda quanto seu marido, Veveu Arruda, teriam para com ele. Ciro também expressou críticas a Veveu, particularmente a respeito de sua administração enquanto prefeito de Sobral.
“Se minha intenção fosse ter uma marionete para comandar, Izolda seria a escolha natural”, disse o ex-ministro.
Ciro chegou a afirmar que Izolda “não seria uma boa governadora”, e que não possuía “a experiência e as virtudes” de Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza, que o grupo político de Ciro conseguiu emplacar como candidato do PDT ao governo do estado, fato que contribuiu para a ruptura com o PT.
O ex-candidato à presidência também não poupou críticas a Lula, alegando que o atual presidente não promoveu mudanças significativas nas áreas mais cruciais do governo.
Ciro lembrou que Lula manteve Roberto Campos Neto, do governo Bolsonaro, como presidente do Banco Central e apoiou a reeleição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, embora não tenha mencionado que seu próprio partido, o PDT, também deu suporte a essa reeleição.