O presidente Lula foi, com certeza, a presença mais marcante num dos maiores eventos do mundo, a Cúpula sobre Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, que contou com a presença de quase 100 chefes de Estado.
Num discurso de improviso, o petista chamou a atenção para o problema da desigualdade, em todos os aspecots, que vem crescendo no mundo, e que deve ser combatida energicamente por todos os países.
Disse que o mundo precisa alocar melhor seus recursos, com foco no aprimoramento da infra-estrutura das nações mais pobres e em desenvolvimento. Lula chegou a brincar que gostaria de nomear o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholtz, como ministro de Indústria do Brasil, para ajudar o nosso país a exportar minérios já devidamente industrializados, ao contrário do que fazemos hoje. Lula fez a brincadeira porque a Alemanha é um dos países mais industrializados do mundo.
O presidente voltou a defender a reforma das instituições multilaterais, incluindo os bancos internacionais, como FMI e Banco Mundial. Todos deveriam, segundo Lula, ampliar suas diretorias, para acolher representantes de mais países, e com isso se tornarem mais plurais e efetivos. Os problemas financeiros da Argentina, que afligem muito o presidente Lula, foram mencionados como uma questão que poderia ser resolvida por bancos internacionais realmente comprometidos com a recuperação econômica dos países para os quais emprestassem dinheiro.
Uma das bandeiras mais queridas de Lula, a do fortalecimento da governança mundial, também foi mencionada. Lula é um líder à frente de seu tempo, pois enxerga a necessidade de uma humanidade mais unida, com instituições internacionais democráticas e plurais, com autoridade moral e política suficiente para impor aos países o cumprimento de acordos assinados em foruns globais, além do poder efetivo para coibir guerras. Ele lembrou que a ONU já teve força suficiente para criar o Estado de Israel, e hoje não consegue dar uma resposta às ocupações ilegais israelenses na Palestina.
Mais uma vez, Lula empunhou a bandeira de um comércio mundial livre da hegemonia do dólar. Por que Brasil e Argentina precisam comercializar em dólar, ou Brasil e China, perguntou o presidente. Esse é um dos pontos mais revolucionários e anti-imperialistas do atual discurso geopolítico do presidente.