O presidente Lula foi, com certeza, a presença mais marcante num dos maiores eventos do mundo, a Cúpula sobre Novo Pacto de Financiamento Global, em Paris, que contou com a presença de quase 100 chefes de Estado.
Num discurso de improviso, o petista chamou a atenção para o problema da desigualdade, em todos os aspecots, que vem crescendo no mundo, e que deve ser combatida energicamente por todos os países.
Disse que o mundo precisa alocar melhor seus recursos, com foco no aprimoramento da infra-estrutura das nações mais pobres e em desenvolvimento. Lula chegou a brincar que gostaria de nomear o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholtz, como ministro de Indústria do Brasil, para ajudar o nosso país a exportar minérios já devidamente industrializados, ao contrário do que fazemos hoje. Lula fez a brincadeira porque a Alemanha é um dos países mais industrializados do mundo.
O presidente voltou a defender a reforma das instituições multilaterais, incluindo os bancos internacionais, como FMI e Banco Mundial. Todos deveriam, segundo Lula, ampliar suas diretorias, para acolher representantes de mais países, e com isso se tornarem mais plurais e efetivos. Os problemas financeiros da Argentina, que afligem muito o presidente Lula, foram mencionados como uma questão que poderia ser resolvida por bancos internacionais realmente comprometidos com a recuperação econômica dos países para os quais emprestassem dinheiro.
Uma das bandeiras mais queridas de Lula, a do fortalecimento da governança mundial, também foi mencionada. Lula é um líder à frente de seu tempo, pois enxerga a necessidade de uma humanidade mais unida, com instituições internacionais democráticas e plurais, com autoridade moral e política suficiente para impor aos países o cumprimento de acordos assinados em foruns globais, além do poder efetivo para coibir guerras. Ele lembrou que a ONU já teve força suficiente para criar o Estado de Israel, e hoje não consegue dar uma resposta às ocupações ilegais israelenses na Palestina.
Mais uma vez, Lula empunhou a bandeira de um comércio mundial livre da hegemonia do dólar. Por que Brasil e Argentina precisam comercializar em dólar, ou Brasil e China, perguntou o presidente. Esse é um dos pontos mais revolucionários e anti-imperialistas do atual discurso geopolítico do presidente.
Alexandre Neres
23/06/2023 - 13h51
Por oportuno, trago à colação texto da Denise Assis, que foi articulista desse portal um tempo atrás:
A história vai falar de Lula
“Lula falou de fome, desigualdade e paz. Lula falou do que sente, entende e acredita. Lula parecia iluminado. E estava”, resume Denise Assis
Quando os livros de história registrarem o nosso tempo, não falarão de mim ou de vocês. Falarão de nós e do nosso momento histórico. Falarão de seis anos de exceção, quando o Judiciário foi sequestrado por uma onda de fake news, por uma ação massiva de uma mídia que mirou os seus interesses e com isso tirou de cena o maior político surgido nos últimos anos.
No seu afã de calar Lula, porém, o que fez foi potencializar as suas qualidades, permitindo-lhe tempo – ironicamente no fundo da prisão -, para refletir e balancear o que fez, o que ficou por fazer e o que é a verdadeira vocação do seu país em relação ao mundo.
Seu retorno – e devemos isto ao agora ministro Cristiano Zanin e à sua mulher, Valeska -, nos proporcionou o enfrentamento ao fascismo, internamente, mas nos legou externamente uma nova visão de mundo, que Lula teve tempo, nos 580 dias em que esteve preso e isolado, desenhar.
Foi esse novo desenho, com a possibilidade de um mundo multipolar e menos desigual, que ele exibiu no fórum que discutia em Paris um novo pacto financeiro global e para o clima.
Trazendo as cores do Brasil na gravata, o rubor da emoção nas bochechas e o calor do encontro em Roma, com o Papa, no coração, Lula abandonou protocolos, guardou no bolso o correto discurso preparado em conjunto com assessores e falou o que lhe ia na alma.
Falou com a autoridade dos que conhecem a fome, das desigualdades e do abismo entre as atividades de países ricos e pobres. Exibiu as dimensões do seu país e do quanto nós, os países da África, Cuba e de quantos situados ao Sul do Equador, lutamos para nos mantermos à tona, num mundo em que o capitalismo dita as regras e o “mercado” é capaz de sugar bilhões e ordenar as regras monetárias avassaladoras, como fez nesta semana, o presidente do Banco Central.
Lula mostrou ao mundo a urgência da montagem de um modelo que sirva aos tempos atuais, em que a ONU volte a ser um organismo capaz de colaborar com o ordenamento da paz no mundo, com real autoridade para fazê-lo. Conclamou os chefes de Estado presentes a repensar as suas atitudes e objetivos. Alertou para a nocividade da pobreza para o planeta e o seu futuro. Abriu os olhos do mundo sobre o quanto atraso e clima são temas que caminham juntos para a degradação da humanidade.
Tocou com segurança numa necessária mudança da visão econômica do ganha, ganha, apontando que no final todos perderão.
Mostrou a todos que os cinco milhões de quilômetros quadrados de Amazônia são do Brasil, mas servem ao mundo, que deve pagar por isto, ajudando a preservá-la.
Citou números do seu país, dos demais continentes e conclamou os seus homólogos a lutar pela paz. Não da maneira demagógica que se costuma falar do tema, mas falando ao que eles todos entendem de sobra: suas caixas registradoras.
Lula falou de fome, desigualdade e paz sem apelar para a demagogia nem sequer um minuto. Lula falou do que sente, entende e acredita. E quando as palavras são esculpidas com verdade, elas calam fundo em quem as ouvem. Lula parecia iluminado. E estava. Trazia dentro de si seu amor ao Brasil e sua genuína vontade de mudá-lo e colocá-lo na dimensão do cenário mundial. Que tenha sido ouvido. Principalmente pelo presidente do Banco Central.
Lamentavelmente não estaremos no futuro dos livros de história para dizer do orgulho que sentimos ao sermos acordados hoje com as palavras do presidente Lula. Mas eles falarão do nosso tempo. Certamente contarão sobre Lula.
Alexandre Neres
23/06/2023 - 13h23
Saímos da posição de párias do mundo.
O campeão voltou!
Daí a raiva dos bolsonaristas, dos protobolsonaristas, dos lavajateiros, da extrema direita e dos extremistas de centro!
Chorem bastante, recalcadas!
UGo
23/06/2023 - 11h55
A mesma ladainha terceiromundista de sempre ha 30 anos ou mais.
Saulo
23/06/2023 - 10h55
Uma espécie de concurso a quem faz melhor apologia da desgraça alheia. Ninguém do que faz esse discurso arrisca absolutamente nada de próprio para essa “causa” que não existe mas pelo contrário a usam para se promover, enriquecer, ecc…Bob Dylan para citar um exemplo é um mestre nisso.
Pura hipocrisia e nada mais…lixo.
Fanta
23/06/2023 - 10h51
As nações mais pobres são pobres porquê são culturalmente inferiores a outras.
Não existe cultura do trabalho, do estudo, da educação (que não é instrução) e a culpa não é de ninguém mais que dos próprios habitantes.
EdsonLuíz.
23/06/2023 - 10h04
Lula apoia a China e a Rússia e vem se repetindo com essa sua conversa fiada de “imperialismo”.
Quem é o imperialismo para Lula? Imperialismo para Lula é o que essa gente oportunista, que se aproveita da miséria do povo em proveito próprio e acaba produzindo mais miséria e que tem esse discurso incardido de tão antigo e que eles dizem ser ‘de esquerda’, quando a prática deles não passa de comportamento de gado a serviço de ditaduras e de ditadores -e ultimamente nem se importam se as ditaduras que eles defendem são de ultra-direita, desde que sejam contra os Estados Unidos?
Eles costumam falar que o imperialista é os Estados Unidos. Ditadores do mundo todo mandam que eles falem isso e eles obedecem.
▪Morrem de raiva por Estados Unidos assumirem o papel de estabilizador e de protetor das democracias.
Imagina, por exemplo, a raiva do Lula neste momento, com Lula e Celso Amorin se comportando como urubus sobre a carniça que o seu amiguinho ditador da Rússia Vladimir Putin está fazendo da pobre e submetida Ucrânia, e com Lula defendendo que a Ucrânia se submeta mesmo e aceite que a Rússia coma pedaços de seu território e que a Ucrãnia não ganhe a proteção da OTAN para ser engolida pelas ditaduras da Rússia e da China !
Daí que, por os Estados Unidos estar enviando algumas armas para a Ucrânia defender sua democracia, Lula continua xingando os Estados Unidos.
Lula deveria era ser sincero e falar:: “Eu xingo os Estados Unidos porque sou defensor de ditadores demagogos como Xi Jiping, Maduro e Putin. Se eles me mandam xingar os EEUU, eu xingo!”. Era isso que Lula devia dizer para ser sincero. E dizer também:: “Eu fico falando em democracia para enganar, mas morro de raiva da democracia e por isso xingo os Estados Unidos porque os EEUU defendem a democracia e tentam impedir que meus amigos ditadores submetam paises democráticos, como estão fazendo ao mandar armas para a Ucrânia.