Economista quer uma posição ‘progressista’ e ‘equilibrada’ para o Banco Central

Foto: Divulgação/Banco Central

O economista Gabriel Galípolo afirmou nesta quinta-feira (22) que tentará “construir pontes e tirar ruídos” entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central quando ocupar o cargo de diretor de Política Monetária do BC.

O economista foi indicado a posição pela gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado em 4 de julho para ter seu nome aprovado ou não. O ex-secretário-executivo da Fazenda é braço direito do atual ministro da pasta, Fernando Haddad, segundo o Valor.

Em entrevista à Band News na noite desta quinta, Galípolo relatou que pretende levar uma postura progressista ao Banco Central. Em meio a um viés liberal da economia pela autoridade monetária, o economista vai na direção contrária: ele não acredita que baixar a taxa Selic imediatamente, como deseja o governo, é a melhor solução, por exemplo.

“Tendo empatia com o ministro Haddad e um diálogo aberto com o presidente [do Banco Central] Roberto Campos, vou tentar construir pontes e tirar ruídos dentro do Banco Central”, disse.

O intuito do governo Lula ao indicar Gabriel Galípolo é levar nomes de sua confiança para dentro do BC e, dessa forma, compor uma diretoria mais alinhada com a postura desenvolvimentista da gestão. Futuramente, outros cargos do instituto também irão passar por trocas de diretores.

Taxa Selic e conflitos

Referente a decisão do BC de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, Galípolo evitou entrar em polêmicas. O economista não ousou analisar a medida divulgada na última quarta, pois, para ele, é preciso esperar a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) para surgirem mais elementos de embasamento sobre o caminho tomado em relação aos juros.

Aliados governistas criticaram o parecer anunciado pelo BC a respeito da manutenção dos juros elevados e se irritaram com o tom do comunicado publicado após a decisão. As lideranças do governo entenderam como uma “declaração de guerra” do Banco Central contra as propostas de crescimento da economia.

“Infelizmente, temos as políticas fiscal e monetária atuando eventualmente em direções opostas no Brasil, mas elas precisam ser sintonizadas”, disse Galípolo. 

Para o economista, o corte da taxa Selic é visto pelo BC com cenários de longo prazo para tomar decisões, porém medidas como a aprovação da PEC da Transição, do arcabouço fiscal e de projeção de inflação menores ajudam a construir esse caminho – o arcabouço, por exemplo, é uma tentativa equilibrada de buscar o desenvolvimento com controle da inflação, segundo ele.

Galípolo reafirmou ainda que os ajustes fiscais não sairão do bolso da porção mais pobre do país e sim dos subsídios de empresas. 

“[O ajuste da proposta do arcabouço] não será feito às custas dos mais pobres, com cortes no Bolsa Família ou na Farmácia Popular, mas dos R$ 600 bilhões anuais em gastos tributários, subvenções e subsídios que as empresas usufruem”, afirmou.

Galípolo explica que não é possível reaver o montante de gasto tributário em termo de arrecadação, porém já há cerca de R$ 150 bilhões em renúncias que estão sendo transformadas em arrecadação.

“Estamos colocando isso à luz do dia, a nossa opção de colocar o pobre no orçamento e o rico na mira da cobrança de impostos”, alegou.

Letícia Souza:
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