Ciro também atacou Janaína Farias, suplente de Camilo, com acusações enigmáticas, dizendo que ela teria “prestado serviços” a Camilo Santana que fariam “corar um frade de pedra”.
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O ex-ministro e candidato à presidência da República, Ciro Gomes, concedeu uma entrevista ao Podcast Ponto Poder, na qual desferiu ataques extremamente pesados contra as principais figuras políticas do Ceará, incluindo seu próprio irmão, o senador Cid Gomes.
Durante a entrevista, Ciro expressou que sua decepção com a política cearense “é muito mais grave e profunda” do que a desilusão que sentiu com a polarização das eleições nacionais de 2022. Declarou categoricamente que perdeu o interesse em participar da política em seu estado natal.
Cid Gomes, seu irmão, não foi excluído das críticas, com Ciro insinuando uma traição ao referir-se a uma “facada nas costas” que ainda o atormenta.
A palavra “traição” foi recorrente durante a entrevista, sempre associada a seu irmão, Cid Gomes, e ao senador Camilo Santana.
Os ataques mais agudos foram direcionados a Camilo Santana. Ciro o retratou como uma pessoa “que não tem nenhum escrúpulo” e sugeriu que o senador havia se tornado “descuidado com as questões morais”. Ciro parece ameaçar o senador: “isso é muito grave e eu tenho documentos. Gostaria muito que não fosse assim, mas é assim que vai ser”.
Ele mencionou um “escândalo pessoal, imenso” envolvendo Camilo Santana, que o deputado Eunício Oliveira desejaria expor, mas que ele, Ciro, havia conseguido abafar.
Embora elogiando Elmano de Freitas em termos pessoais, referindo-se a ele como uma “boa pessoa”, Ciro não hesitou em criticar sua administração. Afirmou que o estado está “loteado” e que Camilo Santana controla “todos os cargos” para fins políticos.
Janaína Farias, a segunda suplente de Camilo Santana, também se tornou alvo de Ciro Gomes. Ele fez insinuações enigmáticas contra ela:
“Se a família cearense soubesse que serviço a Janaína prestou pro Camilo Santana, faria corar um frade de pedra, lá do Itapajé”.
Izolda Cela, secretária executiva do Ministério da Educação e aliada de longa data dos Ferreira Gomes, também foi alvo de duras críticas.
Segundo Ciro, caso ele desejasse uma governadora submissa, Izolda Cela seria a candidata ideal, em função de uma dívida de gratidão que tanto Izolda quanto seu marido, Veveu Arruda, teriam para com ele. Ciro também expressou críticas a Veveu, particularmente a respeito de sua administração enquanto prefeito de Sobral.
“Se minha intenção fosse ter uma marionete para comandar, Izolda seria a escolha natural”, disse o ex-ministro.
Ciro chegou a afirmar que Izolda “não seria uma boa governadora”, e que não possuía “a experiência e as virtudes” de Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza, que o grupo político de Ciro conseguiu emplacar como candidato do PDT ao governo do estado, fato que contribuiu para a ruptura com o PT.
O ex-candidato à presidência também não poupou críticas a Lula, alegando que o atual presidente não promoveu mudanças significativas nas áreas mais cruciais do governo. Ciro lembrou que Lula manteve Roberto Campos Neto, do governo Bolsonaro, como presidente do Banco Central e apoiou a reeleição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, embora não tenha mencionado que seu próprio partido, o PDT, também deu suporte a essa reeleição.
Consequências no PDT
Nos dias 22 e 23 de junho, o PDT realiza um encontro regional, como parte de uma série de eventos destinados a fomentar discussões sobre política no Cearé e no Brasil.
O senador Cid Gomes, uma das principas lideranças do PDT no estado, além de irmão de Ciro, decidiu cancelar sua participação. O cancelamento ocorreu quase simultaneamente à entrevista de Ciro ao Ponto Poder, levantando suspeitas de que seria uma primeira reação aos ataques de Ciro.
Cid também solicitou aos seus aliados dentro do PDT que se abstivessem de comparecer ao evento.
Entrevista de Ciro Gomes ao PontoPoder escancara o racha com o irmão e gera uma crise no PDT.
Destacamos neste trecho, um retrato da crise que o PDT está mergulhado, talvez a maior crise dos últimos tempos: pic.twitter.com/NpZTrsNwhM
— O Cafezinho ☕️🗞 (@ocafezinho) June 23, 2023
Além das diferenças quanto a alianças políticas, os irmãos Gomes estão envolvidos num acirrado conflito pelo comando da legenda no estado.
No momento, André Figueiredo, um aliado de Ciro, lidera o PDT tanto no Ceará quanto no âmbito nacional. Cid, contudo, vem demonstrando a intenção de assumir a presidência do partido no estado e tem criticado frequentemente o acúmulo de cargos por parte de Figueiredo.
A entrevista completa de Ciro ao Podcast Ponto Poder pode vista abaixo:
helio
23/06/2023 - 22h14
Ciro é um demagogo e desagregador. Que se candidate a vereador em Sobral e que tome posse se eleito.
Sebastião
23/06/2023 - 01h51
Ciro tem um perfil narcisista, que é muito comum no meio político. O ego de Ciro é inflado demais. Onde todos devem gratidão a ele, submissão, onde se acha superior a tudo e a todos.
Lembro quanto ele se tornou inimigo de FHC, Serra e do PSDB. Dizendo ser o criador do plano Real. Era ataques constantes. Ciro ainda se tornou inimigo de Tarso Jereissati, que eram aliados no Ceará.
Ciro com o seu temperamento, suas teorias e sua megalomania. Causa descrédito igual a Do Wal. Embora este, seja insuperável.