Publicado em 21/06/2023 – 21h11
ConJur — Deltan Dallagnol tentou promover uma reunião coletiva com desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região para apresentar o “caso da lava jato” aos magistrados responsáveis pela revisão das decisões do juiz Sergio Moro, então titular da 13ª Vara Federal de Curitiba. O plano inicial acabou não se concretizando, mas o ex-chefe do consórcio de Curitiba conseguiu fazer reuniões em privado com dois desembargadores.
A informação foi revelada em diálogos apreendidos na operação “spoofing”, aos quais a revista eletrônica Consultor Jurídico teve acesso. Em conversa do dia 15 de julho de 2015, o agora ex-procurador pediu que alguém identificada como Maria Emília fizesse a articulação com desembargadores para viabilizar o encontro.
“Emília querida, tudo bem?? Como nossa articuladora e amada representante na regional, Vc não consegue uma reunião com os Des da área criminal, e uma com os Des da área cível, para fazermos uma apresentação do caso lavajato? Fizemos isso no caso banestado, é um precedente. Se conseguir com as turmas, poderia ser 45m com cada. Uma alternativa residual seria um tempo com cada Desembargador… Gostaríamos que Vcs nos apresentassem e pudéssemos nos mostrar, olhos nos olhos, para eles… Ganhar confiança”, escreveu Deltan — os diálogos são reproduzidos nesta reportagem em sua grafia original.
A tentativa de promover essa espécie de “workshop lavajatista” foi barrada por iniciativa do desembargador João Pedro Gebran Neto, relator dos casos da “lava jato” no TRF-4, que não poderia participar da reunião daquele mês por estar de férias.
Em 14 de agosto de 2015, Maria Emília entrou em contato com Deltan para dizer que Gebran, que havia retornado de férias, preferia fazer a reunião sozinho por uma questão de cautela. Ela marcou encontros com ele e com o também desembargador Leandro Paulsen no mesmo dia. “Laus parece ter fugido da raia. Vou avisar os colegas daqui, quanto menos gente ir melhor”, reclamou ela, referindo-se ao desembargador Victor Laus.
Por fim, Maria Emília pediu a Deltan que compartilhasse o PowerPoint da apresentação com os desembargadores para que ela o mostrasse a integrantes da Procuradoria Regional da República.
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