Nesta quarta-feira (21), Jair Bolsonaro foi ao gabinete de seu filho, Flávio Bolsonaro, no Senado Federal, para conversar com os aliados André Fernandes (PL-CE), Filipe Barros (PL-PR) e Bia Kicis (PL-DF). Na saída, deu declarações aos jornalistas sobre o julgamento que acontecerá amanhã, que poderá definir sua inelegibilidade, caso seja considerado culpado pelo TSE.
O ex-presidente disse que confia no julgamento de Benedito Gonçalves, relator do processo e responsável pelo primeiro voto, que guia os seguintes, cabendo aos demais ministros acompanhar ou divergir da decisão. “Tenho certeza que até o Benedito, ministro do STJ, agora integrante como relator do TSE, vai mudar o seu voto. Senhor Benedito é questão de coerência”, disse Bolsonaro.
Benedito não tornou seu voto público. A declaração de Jair Bolsonaro está baseada na expectativa criada nos bastidores da votação.
O ex-presidente, ao comentar sobre a coerência do relator do processo, comparou a sua situação à chapa Dilma-Temer que foi julgada por suspeita de caixa dois, também no TSE. Na época, em 2017, a cassação da elegibilidade não foi deferida.
“Não pode a jurisprudência mudar de acordo com a cara de quem está sendo julgado, ou de acordo com a ideologia, que eu sou de centro-direita, outros são de centro-esquerda. Não pode mudar de acordo com quem sentar no banco ali, a jurisprudência é outra. Isso não pode acontecer, é péssimo para a democracia se eu for julgado de forma diferente que foi a chapa Dilma-Temer em 2017”, completou Bolsonaro.
Processo de Inelegibilidade
Jair Bolsonaro será julgado na próxima quinta-feira pelo TSE, por suposto abuso de poder político. O caso apurado se refere à reunião que o ex-presidente realizou em julho de 2022 com vários embaixadores. O entendimento do PDT, partido que fez a denúncia ao TSE, é de que Bolsonaro utilizou seu cargo e poder de forma indevida para atacar o sistema eleitoral e a confiabilidade das urnas eletrônicas sem apresentar quaisquer evidências.
Além disso, o ex-presidente também pode responder por uso indevido dos meios de comunicação por ter transmitido a reunião com os embaixadores na TV Brasil, canal estatal. Caso Bolsonaro seja condenado, ele ficaria inelegível por 8 anos, podendo voltar a se candidatar apenas em 2032, já com 77 anos.