Um levantamento realizado pelo jornal Valor com 122 instituições financeiras revela que a maioria dos especialistas acredita na manutenção da taxa básica de juros, Selic, em 13,75% na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Apenas duas instituições preveem um corte na taxa nesta quarta-feira, enquanto as outras 120 esperam a manutenção. No entanto, a mediana das projeções coletadas indica uma redução dos juros a partir de agosto.
Os agentes do mercado estão ansiosos pela reunião do Copom, aguardando por uma mudança no tom do comunicado. O índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) de maio abaixo das expectativas, a deflação nos preços no atacado, a estabilização da moeda e a melhora na percepção de risco após a aprovação de medidas fiscais na Câmara dos Deputados formaram um cenário propício para que o Copom suavize sua posição na quarta-feira, segundo a visão do mercado.
Essa melhora no cenário econômico antecipou as expectativas em relação ao início do ciclo de redução da Selic. A mediana das projeções indica um corte nos juros a partir de agosto, com a taxa atingindo 12,25% no final do ano. Anteriormente, de acordo com uma pesquisa realizada no início de maio, a expectativa mediana do mercado era de uma Selic de 12,5% no final do ano, com o ciclo de redução iniciando em setembro.
Apesar da expectativa de um corte em agosto, há ceticismo em relação a uma sinalização clara de reduções mais acentuadas por parte do Copom. O mercado acredita que o comitê continuará adotando certa cautela em seu discurso, considerando que as expectativas de inflação para prazos mais longos ainda estão acima da meta. Além disso, a falta de definição sobre o nível da meta de tolerância, que será discutida na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) no final de junho, deve manter a indicação do Copom de paciência e serenidade. A maioria dos especialistas trabalha com a manutenção do ponto central da meta em 3%.
“Muito provavelmente, o tom do comunicado será um pouco mais suave”, afirma Mauricio Oreng, superintendente de pesquisa econômica do Santander. Segundo ele, alguns elementos para que a autoridade monetária comece a considerar uma mudança no ciclo já estão em pauta, “mas não para o momento atual”.
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