Luís Marcos dos Reis, segundo-sargento do exército e ex-funcionário da ajudância de ordens da presidência, teve o celular apreendido pela Polícia Federal, que encontrou evidências de sua participação nos atos golpistas do 8 de janeiro. O militar também é investigado por participar de um esquema de desvio de dinheiro público usado para pagar as despesas de cartão de crédito da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro.
Dos reis foi preso no mesmo dia que Mauro Cid, seu ex-chefe na ajudância de ordens. Ambos estão sendo investigados pela falsificação de cartões de vacinação de membros do governo, incluindo o ex-presidente, Jair Bolsonaro.
A PF, em posse do celular do segundo-sargento, identificou vídeos e áudios enviados por ele no dia das manifestações que depredaram prédios dos três poderes. Segundo relatório da organização, “em um dos vídeos encaminhados, é possível observar que Luís Marcos dos Reis está na cúpula do Congresso Nacional, juntamente com outros manifestantes”.
Além disso, um áudio foi encontrado pela PF, onde Dos Reis exalta o movimento golpista. “Nós temos que cada um fazer a nossa força aqui. Representar o nosso país, né? Graças a Deus! Mas foi bonito aqui! Entraram no Planalto, no Congresso, Câmara dos Deputados e entrou no STF. E quebrou, arrancou as toga lá daqueles ladrão. Arrancou tudo! O bicho pegou hoje aqui!”, disse o militar. Em outra mensagem, o segundo-sargento afirma que o “recado foi dado”.
Dos reis deixou a ajudância de ordens em junho de 2022.
Desvio de dinheiro
Luís Marcos dos Reis também é investigado por um suposto esquema de desvio de dinheiro público para pagamento de despesas do cartão de crédito de Michelle Bolsonaro.
Segundo investigações da PF, iniciadas após a prisão de Mauro Cid e Dos Reis, a empresa goiana Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção foi responsável por depositar, no mínimo, R$ 25.360 na conta do segundo-sargento.
A Cedro do Líbano tem como principal contratante a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), estatal que ainda está sob investigação da polícia federal por suposto esquema de corrupção em contratos na região nordeste em 2022.
De acordo com a PF, Vanderlei Cardoso de Barros, pai de uma sócia da Cedro do Líbano, fazia transferências para Dos Reis utilizando dinheiro da empresa e, inclusive, há transferências feitas diretamente da conta da empresa.
O segundo-sargento, em posse do dinheiro, realizava saques em espécie em caixas eletrônicos e fazia pagamentos a pessoas ligadas à primeira-dama e a outros militares da ajudância de ordens da presidência.
Uma das pessoas ligadas à Michelle que recebia dinheiro de Dos Reis era Rosimary Cardoso Cordeiro, amiga da ex-primeira dama e servidora no gabinete do senador Roberto Rocha (PTB-MA). Ela teria emitido um cartão de crédito que era utilizado por Michelle, e tinha as despesas pagas através das transferências feitas por Dos Reis, segundo apuração das investigações.
Um áudio de Mauro Cid enviado à assessora de Michelle, Giselle dos Santos Carneiro da Silva, referindo-se a esses pagamentos, foi encontrado pela PF, que teve acesso ao celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
“Se ela [Michelle] perguntar pra você ou falar alguma coisa ou comentar, é importante ressaltar com ela que é o comprovante que ela tem. É um comprovante de depósito, é comprovante de pagamento. Não é um comprovante dela pagando nem do presidente pagando. Entendeu? É um comprovante que alguém tá pagando. Tanto que a gente saca o dinheiro e dá pra ela pagar ou sei lá quem paga ali. Então não tem como comprovar que esse dinheiro efetivamente sai da conta do presidente.”, disse Cid à Giselle.
O investigado pela PF ainda pondera que o caso da ex-primeira dama pode ser comparado ao caso das rachadinhas de Flávio Bolsonaro. “O Ministério Público, quando pegar isso aí, vai fazer a mesma coisa que fez com o Flávio, vai dizer que tem uma assessora de um senador aliado do presidente, que está dando rachadinha, tá dando a parte do dinheiro para Michelle”, completou Cid.
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