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Brasil contribuiu para construção de fábrica de explosivos saudita

Em acordos sigilosos, governos Temer e Bolsonaro autorizaram exportação de produtos e tecnologias que seriam usadas no projeto militar Entre 2017 e 2022 o Brasil negociou com a Arábia Saudita contratos de exportação de produtos, como o TNT e RDX, usados para fabricação de bombas. O país, que vive sob o regime do ditador Mohammed […]

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Jair Bolsonaro e Mohammed bin Salman - Foto: Divulgação/PR

Em acordos sigilosos, governos Temer e Bolsonaro autorizaram exportação de produtos e tecnologias que seriam usadas no projeto militar

Entre 2017 e 2022 o Brasil negociou com a Arábia Saudita contratos de exportação de produtos, como o TNT e RDX, usados para fabricação de bombas. O país, que vive sob o regime do ditador Mohammed bin Salman, pretende, até 2030, “suprir toda demanda militar” de explosivos, que poderiam ser usados para conflitos no Oriente Médio. Segundo matéria do Estadão, a empresa Mac Jee, localizada em São José dos Campos (SP), foi responsável pela venda, negociada através de contratos sigilosos.

As negociações de autorização da venda de produtos e serviços para a Arábia Saudita começaram ainda no governo temer, mas se intensificaram durante o Governo Bolsonaro. Segundo dados obtidos pelo Estadão, entre 2019 e 2021, a Arábia Saudita fez 21 pedidos para compras de armas, blindados, bombas e outros serviços; 17 foram aceitos. Em comparação, entre 2017 e 2018, durante o governo Temer, o país árabe fez apenas 10 pedidos, sendo 8 autorizados.

Uma comitiva do último governo esteve em Riade, região da Arábia Saudita, para atender a uma agenda de eventos variados durante o período que a fábrica estava sendo construída. Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia na época, recebeu como presente da Monarquia Árabe, direcionado ao Brasil, joias avaliadas em R$ 5 milhões. O ministro, que tentou entrar com as joias de maneira ilegal em território brasileiro, está sendo investigado.

A fábrica de explosivos não foi a única ação do reino saudita com a intenção de aprimorar seu poderia bélico. Uma reportagem da CNN internacional revelou que o país construiu um complexo para produção de mísseis balísticos com a ajuda da China em 2021.

Mac Jee

A fábrica que produz TNT e RDX e fez negócios com o regime saudita, com sede em São Paulo, impôs sigilo sobre os processos de autorização e contratação dos serviços. O valor dos contratos também não foi divulgado.

O Estadão teve acesso a declarações de pessoas ligadas à empresa que confirmaram a mudança de patamar do negócio dentro do mercado. Após as negociações com o regime saudita, a Mac Jee adotou, inclusive, salas de orações para acolher clientes muçulmanos em suas dependências.

Brasil Simon Jeannot, francês que comandava a empresa, deu uma declaração em 2020 para o site da Defesa Aérea e Naval afirmando que a venda de sistemas de defesa é diplomacia. “Antes de ser técnica, antes de ser financeira, é diplomacia”, completou o empresário.

Em agosto de 2022, o atual presidente da Mac Jee, Alessandra Stefani, afirmou que era preciso “aproveitar o momento” na relação com o regime saudita. “No setor de defesa, eles veem o país como amigo e grande parceiro. A indústria de defesa precisa aproveitar esse momento, e a gente está surfando essa onda”, disse Stefani.

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