O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) apontou em nova pesquisa que a oferta de drogas ilícitas continua em alta na União Europeia (UE), desafiando as regulamentações e políticas de saúde do bloco.
Em um extenso relatório divulgado, o OEDT constatou que as pessoas estão expostas a uma variedade cada vez maior de substâncias psicoativas nos países da UE.
Entre 2011 e 2021, o relatório destaca os maiores aumentos nas apreensões de drogas na União Europeia: cocaína (416%), cannabis (260%), metanfetamina (135%), heroína (126%), MDMA (123%), resina de cannabis (77%) e anfetamina (42%).
A pesquisa também aponta que, embora haja uma demanda por essas drogas na UE, é provável que o aumento nas apreensões reflita, pelo menos parcialmente, o papel crescente da Europa como local de produção, exportação e trânsito dessas substâncias.
Alexis Goosdeel, diretor do OEDT, afirmou em comunicado que praticamente qualquer substância com propriedades psicoativas pode aparecer no mercado de drogas, muitas vezes com rótulos incorretos ou em misturas. Ele enfatizou que as drogas ilícitas podem afetar a todos, direta ou indiretamente, por meio do seu impacto nas famílias, comunidades, instituições e empresas.
O aumento do tráfico de drogas para a UE também está associado a maiores índices de violência relacionada às drogas. O relatório menciona um tiroteio ocorrido em janeiro no porto de Antuérpia, na Bélgica, onde uma menina de 11 anos foi morta. Além disso, registrou-se um recorde de 110 toneladas de cocaína apreendidas na mesma cidade em 2022, que é conhecida como a capital europeia da cocaína.
O relatório destaca o aumento da produção de cocaína na UE, com o desmantelamento de 34 laboratórios em 2021, em comparação com 23 em 2020. Além disso, grupos do crime organizado estão direcionando sua atenção para portos menores em outros países da UE e em nações que fazem fronteira com o bloco.
Ylva Johansson, comissária europeia para assuntos internos, manifestou preocupação com a ameaça representada pelo crime organizado ligado às drogas, afirmando que as substâncias consumidas na Europa atualmente podem ser ainda mais prejudiciais à saúde do que no passado. Ela ressaltou a importância da cooperação entre a UE e países terceiros na luta global contra o tráfico de drogas.
Além da cocaína, o relatório alerta para o tráfico de drogas como heroína e opioides sintéticos para a UE. A maior parte da heroína consumida na Europa é proveniente do Afeganistão, onde o Talibã anunciou a proibição do cultivo de papoula, o que pode afetar o fornecimento internacional de heroína. Essa proibição pode aumentar a demanda por opioides sintéticos na UE.